quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tu

Embala-me com o teu sexo e desabotoa com a tua boca os versos que acariciam as minhas palavras; morde, morde-me o desejo e o desespero; semeia-me como se fosse eu a tua terra, as letras do teu nome e a casa do teu gozo.

Versão, em poesia, montada pela Tânia Contreiras. Obrigada, Tânia!

Embala-me com o teu sexo
e desabotoa com a tua boca
os versos que acariciam as minhas palavras;
[morde, morde-me o desejo e o desespero];
Semeia-me como se fosse eu a tua terra,
As letras do teu nome
E a casa do teu gozo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Afortunada

Dentro do quarto andar, sentiu a corredeira tocar no corpo e deixou-se levar e crescer feito uma tempestade tropical com as cores de seu temperamento de frutas e flores, que ela deu para ver flores em si mesma quando se olha no espelho e para sentir o aroma da natureza nos próprios braços, que os braços e a pele parecem mais nutrientes da terra e sementes de sua lavoura do que partes da sua matéria, que a sua matéria está a drenar a água dos sonhos e a hidratar a sua árvore afortunada de delirantes folhas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fantasmas

Não via com clareza mas sabia que ele estava ali, bem perto, do outro lado da janela. Ainda que galhos de árvore o encobrissem e os vidros estivessem embaçados, ela avistava o vulto, que, do lado de lá, crescia. A distância e o tempo pareciam inexistir. Os corpos  estavam para ganhar  matéria. E ele teria atravessado a rua e batido a sua porta se o vento não viesse vestido com um outro nome que lhe roubasse as mãos.
Vídeo publicado no Mínimo Ajuste por Lisarda Baila Cumbia.

domingo, 26 de setembro de 2010

Cálice sem vinho

Quebrou sobre o branco um cálice de vinho. Por alguns segundos, contemplou o líquido espalhando-se feito o sangue de um alvo atingido. Depois correu atrás de panos. Limpou o chão e salvou o tapete. Os cacos de vidro recolheu um a um com os próprios dedos e com a delicadeza de quem está acostumada a retirar espinhos. Por livre e espontâneo delírio, pensou em usar um pedaço um pouco maior para perfurar a pele e fazer um pacto com algo indefinido.  Mas os olhos desviaram-se para o pijama de flanela xadrez e, indefesos, vagalumearam-se  diante do corpo um tanto despreparado para ser exposto ou silenciado  pelo avesso ainda pouco tinto.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deu branco

Assim, branco no branco está a cabeça da pobre  bípede  que, desde terça-feira, está tentando jogar no blog umas tintas e escrever umas linhas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Da série ouvindo no carro algum número porque a conta está perdida


Porque no final do dia, com a noite já nos olhos, o filho no banco do lado e o trânsito enlouquecido, é bom ouvir uma música que acalme e deixe os reflexos prontos, porque, de vez em quando, tem um atarantado querendo se suicidar justo no carro da gente e se a cabeça não estiver no lugar e as mãos não forem rápidas para a buzina e o pé para o freio, pode ser que não seja o desvairado infeliz o único  a ter o rosto todo rasgado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Depois de domingo

Então, depois da enchente de domingo, os sobreviventes locais tomaram rumos distintos. O pequeno bípede e sua exausta bípede mãe decidiram que queriam descanso e dormir assistindo televisão sem horar para acordar e sem nada para fazer na segunda-feira de feriado (aqui, nas bandas gaúchas, nesse dia 20, comemorou-se a Revolução Farroupilha), portanto, fincaram os pés em casa feito bandeiras. Já o senhor bípede, hiperativo não diagnosticado e um tanto desconcertado com os últimos acontecimentos domésticos, pensou que seria uma boa ideia dar uma arejada e lá se foi com o seu amigo Indiana Jones para a fronteira, outra vez, comprar vinhos, que, quando ele entrou na escola, na cartilha não estava escrito Ivo viu a uva. Estava escrito Viva a Uva! E foram os dois bons companheiros dormir em Pelotas, e brasileiros, por favor, não imaginem bobagens, que ninguém levou a camisola da esposa emprestado. Ficaram por lá porque já saíram tarde da noite e as estradas do sul são as estradas do sul. Agora, já estão em casa. O senhor bípede com seus vinhos, muitas caixas de chá para a bípede, dessa vez uma com  um desconhecido chá do Kenya, e  caixas de Polvo de Caldeirada  Ramirez para o pequeno bípede, que, com ele, esses moluscos marinhos fazem muito mais sucesso do que um jogo de wii. E depois é como o pequeno bípede fala, que água nem é nada e o pai ainda não colocou fogo na casa.

Everything but the girl


Para namorar...

domingo, 19 de setembro de 2010

Domingo

De manhã, acorda cedo desesperada para continuar dormindo, mas o domingo é de sol e os bípedes querem ir passear no parque. Então, a criatura deixa a casa como está, leia-se, crítica ou de cabeça para baixo, que no jantar de ontem teve peixe e, eca, cozinha com cheiro de peixe é um desafio, e vai com o Bono Cão pensando  na vida a sentir o sol no rosto. E, no parque, está a bípede amiga com a sua bípede família, a bípede afilhadinha e os bípedes ciclistas da casa da bípede. A bípede, por sua vez, não tem bicicleta porque o senhor bípede  esqueceu a porta da garagem aberta e, puf, um ladrãozinho a levou.  E o senhor bípede é dado a esquecimentos. Mas ela não se importa, que, na verdade, não é uma criatura muito chegada em rodas, só se for a roda vida do Chico, o que agora não vem ao caso. E no parque corre tudo bem e o almoço é no clube e a comida está uma delícia e tatatatá e tudo vai muito bem até a hora em que chega em casa e abre a porta e haja chuva, porque  chove pela escada, pelas paredes, pelo teto e pelo chão como se a casa estivesse lá fora em uma tempetade e não do lado de dentro. Que sabe, aquele senhor dado a esquecimentos? Pois aquele senhor dado a esquecimentos, depois da falta de água no bairro da semana, anda um tanto paranóide com receio de que ela falte outra vez, então, teve a aguada ideia de colocar a mangueira do jardim dentro da caixa d'água, para encher  só mais um pouco, bípede, disse ele, era para encher só mais um pouco, e como ele é do jeito que é, esqueceu e, sendo assim,  chove chuva sem parar e salvem os tapetes, os quadros, os móveis e a pobre  bípede de balde, rodo e panos que já tem pela frente um bocado de coisas pra secar.

sábado, 18 de setembro de 2010

Alvo

Agarrado em carne alheia, espalha um  desconhecido perfume. Vai sem pressa e quase sem perguntas. Quem sabe o que ele procura, se, na substância, dissolve o desejo do que  está explícito mesmo sem os  contornos? A boca não diz porque prefere escutar silêncios e drenar-se para o lado de dentro, para onde habitam a espera e as lágrimas  da moça que se derrama sobre a terra feito um pássaro atingido ainda no chão. 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Outras histórias

Bobagens da vida como ela é

Ou bobagens da bípede como ela é.
A bípede essa semana:
Esqueceu de levar o pequeno bípede à dentista para ajustar o aparelho e ainda não telefonou para pedir desculpas e para remarcar a consulta.
Foi ao supermercado no mesmo horário em que marcou a manicure.
Errou todos os passos da coreografia nova de sua aula de dança.
Sonhou que estava viajando completamente alone.
Comprou uma tonelada de frutas, mas comeu foi um pacote de bolacha Maria.
Bateu a perna direita, que jamais havia sido atingida, na quina da banheira e nem foi a lugar algum porque não foi nada, só um esfolado e um esfolado ela tira de letra. Aliás, ela tira tudo de letra, não é?
Deu gargalhadas porque outra bípede balançou, caiu e, bum, estatelou-se no chão.
Sentiu remorsos porque deu as gargalhadas. Pouco remorso, não muito. Essa é a verdade.
Entrou no facebook. Reencontrou as amigas e os amigos da cidade natal e de outras. Fez as pazes com a irmã mais velha, um tanto danada, mas também um tanto amada.
Decidiu reorganizar o escritório e tirou todos os livros de uma estante. E, assim que terminou a façanha, bateu em retirada e agora eles estão todos no chão sobre o tapete à espera do Bono e o seu senso imutável de territorialidade e à espera de que a bípede corra lá para salvá-los.
Mas pelo que parece, ela não vai fazer nada além de fechar a porta. Se fechar, e isso já está bem.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Muito além do jardim

Caminha descalça pelo legado das folhas. Caminha porque é possível ainda que a grama oculte pontas de  histórias já descoloridas. O toque é primitivo e a sensação não faz justiça à  sua marca. Vai sem falar com ninguém, tentando não chamar a atenção das pessoas que mergulham em uma piscina em  variáveis tão humanas quanto desconhecidas. O que for familiar, ela apaga na mente. É preciso  armar a indiferença interior para resistir ao tambor que segue em seus ouvidos e pacificar a neblina que encombre os seus passos. Não há nada que ela possa fazer. É tolice aproximar-se. Ele está cercado, e ela não tem como colher as inúmeras flores que não existem.

domingo, 12 de setembro de 2010

Alegria

Porque estou em profundo e inesperado estado de Alegria e de poesia digo a você que venha até aqui.

Estranhamentos

Do livro Estranhamentos, escrito por Mônica Menezes, do blog Estranhamentos, um pouco do que  já está decidido e que nos faz deixar de ser mariposa para ser borboleta, nem sempre colorida, mas, indiscutivelmente, com invejáveis asas que tremem:

ESQUISITA

os pés, as mãos, os joelhos, o nariz
tudo é tão esquisito nela
os polegares pequenos
dificultam o entremear dos fios
o corpo verga-se facilmente
embora os ossos não suportem
que carregue a mala
infantil e invertido
o útero jamais se contrai
mas a criança nasceu
desfazendo a profecia

foi cega, louca, vidente,
suicida
um dia, decidiu escrever outras histórias
mais estranhas ainda

quando o homem chegou naquela tarde
e retirou-lhe o véu
ele era tudo o que queria:
poeta, maduro, viril
e ela soube que seria dele
e ela soube que seria dela
e ela soube que seriam sós

sábado, 11 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Aeronauta

Do livro  Poemas para Antonio, escrito por Ângela Vilma, a nossa aeronauta, um pouco da  grande poesia de seu incomensurável e aeroamor:

SENTIDOS

Nada em mim cura
Tua ausência longa, eterna,
Entre os girassóis presos à porta
E a primavera que nunca chega.

Nada em mim dilacera
A espera que não se importa
Com teu corpo que é de outra
Com tua alma que me esquece.

Nada em mim rouba
A esperança dos sentidos
Que se resvalam de tua roupa
Para dentro de meus vestidos.

DESENCONTRO

Meu corpo transgride os séculos
E encontra o teu, impassível.

Desde sempre nos vimos
Vigiando o sono das nuvens.
Existimos.

Não fui tua, nem foste meu
Nos doamos como quem perdoa
Os passos do tempo
Nas manhãs chuvosas.

Depois, chegamos aos extremos
De dias enormes, sem encontros
Esquecendo nosso corpo no espelho
E nosso rosto, em fragmentos.

Roda Viva


Porque tem dias que a gente não consegue dormir nem ficar acordado.

Desata-me

Desata-me dessa balsa que arranha e escorrega pelo corpo enquanto inverte o fluxo e o ritmo do que  andava distraído e compassado. Desata-me da dor que habita a sua palavra e não verbaliza a sua matéria e o seu gosto. Desata-me ponto por ponto, desfia-me, desmancha-me como se eu fosse  um fragmento e um rasgo da sua madeira e não da sua pele e deixa-me  de lado, pequena, mínima,  até que reste um único pedaço inteiro de mim.

Vídeo emprestado do blog Do Marta.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Da mais bela tribo

Ele vai. Já está decidido embora eu não tenha arrumado a malinha  e esteja, digamos assim, à beira de um ataque de nervos. Amanhã, às cinco e meia da madrugada, ele entra no ônibus e percorre os 480km com os outros que também vão, porque nem todos vão. Dá sala dele, onze resolveram ficar no lar doce lar da cidade e longe das estradas esburacadas e não adianta me criticarem por sentir medo, que a cria é minha. Ele está sabendo que a viagem vai ser longa tanto quanto sabe detalhes sobre a vida missioneira, que ele até parece mesmo ser um índio e corrige-me quando cometo algum equívoco e digo algo errado sobre o que aconteceu com as tribos e com as missões. Como tem o sangue charrua, quer ver de perto a obra do sangue Guarani, mais bonzinho ou menos mauzinho, que é tudo uma questão de ponto de vista, tá, mãe, ele me fala, porque a gente tem de se imaginar na época para entender os fatos, e se eles mataram os jesuítas a machadadas não foi por maldade. Ahã, eu digo, pensando se esse piá está a achar que sou alguma debilóide, mas finjo surpresa, enorme surpresa, porque ele está feliz  e amanhã à noite nem o show de luzes e de sons será capaz de fazer frente ao chão de estrelas que esse pequeno bípede tem.

sábado, 4 de setembro de 2010

Azulejada

Sinto-me bem, ela dizia enquanto o médico levantava a sua saia comprida e, por cima dos óculos, olhava suas coxas como quem observa a lua em uma noite de extrema claridade sem dar-se conta de que  os pelos de seus braço e suas sobrancelhas já estavam em transformação feito os de um lobisomen e a olhava surdo e alheio ao resto do corpo e às explicações de que ela havia escorregado no banheiro, que depois de meses sem entrar na banheira por recomendação de um outro médico, ela tinha sentido o comichão, o convite, a intimação irrecusável de tomar um banho nevado de espumas quentes e que ela não sabia como, mas, quando foi colocar o primeiro pé para fora, escorregou azulejo abaixo junto com os pingos de água de sua pele e bateu, de novo, o maldito joelho da maldita perna esquerda na borda fria e como sempre, porque há coisas que não se recuperam em uma cabeça teimosa, esperou amanhecer para caminhar até o pronto socorro, porque não era nada e, fizesse sol ou chovesse osso, ela tinha o costume de usar os próprios pés e a própria solidão para resolver  as suas fraturas e acima de tudo não gostava de choro e não chorava fácil e nem à toa e sentia-se bem, bem ralada, bem triturada, mal amparada, no entanto, jamais diria a quem quer que fosse que sente dor, muito menos a ele, o sacana a erguer a sua saia comprida.

Número 1000

Porque no início da semana percebi que se aproximava o meu post número 1000, senti-me quase que nem o Pelé prester a fazer o seu gol e aí aquietei-me um pouco na concentração para encontrar as palavras que fossem redondas como o planeta e transbordassem  a sua água azul e, por sorte, porque há na vida mais verdades que podemos acreditar, hoje, eu decidi enfrentar o livro em que elas estavam a esperar, docemente, por mim e senti a "dor das palavras" e o amor das palavras. Do livro Luuanda, de José Luandino Vieira, da segunda estória (sem h e i) que ele escreveu assim, o início do que dizia Xico Futa:
" Pode mesmo a gente saber, com a certeza, como é um caso começou, aonde começou, porquê, praquê, quem? Saber mesmo o que estava a se passar no coração da pessoa que faz, que procura, desfaz ou estraga as conversas, as macas? Ou tudo que passa na vida não pode-se-lhe agarrar no princípio, quando chega nesse princípio vê afinal esse mesmo princípio era também fim doutro princípio e então, se a gente segue assim, para trás ou para frente, vê que não pode se partir o fio da vida, mesmo que está podre nalgum lado, ele sempre emenda noutro sítio, cresce, desvia, foge, avança, curva, pára, esconde, aparece... E digo isso, tenho minha razão. As pessoas falam, as gentes que estão nas conversas, que sofrem os casos e as macas contam e, logo ali, ali mesmo, nessa hora em que passa qualquer confusão, cada qual fala a sua verdade e se continuam a falar e discutir, a verdade começa a dar fruta, no fim é mesmo uma quinda de verdade e uma quinda de mentiras, que a mentira é já uma hora da verdade ou o contrário mesmo."

MACA – ( MAKA ) Conversa, dito, fala. Na tradição oral angolana as maka são “histórias narrativas de acontecimentos reais e verdadeiros ou tidos como tais… Evoca factos e acontecimentos do passado, uns verdadeiros, outros de origem lendária e fruto da imaginação, mas que se foram impondo como se de factos reais se tratasse.” Conversa decisória, conversação, assembleia pública ou familiar. Altercação, confusão, discussão, problema, sarilho.
QUINDA – Cesto sem asas, que servia para transportar cereais.

Retratos da Vida

Do filme Retratos da Vida : " A verdadeira guerra não é o confronto  dos que se odeiam, mas a distância dos que se amam."

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ano 26 00. Sexta-feira, 3. Diário de bordo. 
Ela segue  na cela.
O coração caiu enquanto eu a observava. Foi até a borda, balançou e caiu para dentro do corpo magro. Não pude fazer nada. Ela pareceu engasgar-se. Umas palavras correram pelos seus olhos feito uma legenda de filme e depois eles voltaram a ficar pretos. Ouvi também suspiros, e as mãos tatearam o chão em busca da caneta e do livro, aquele que confisquei e menti a ela ter perdido.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Paris é uma Festa

Do livro Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway, página 59, editora Bertrand Brasil, leitura finalizada em 10 de março de 2001:

" ... Uma parte da gente morre a cada ano, quando as folhas caem das árvores e seus galhos ficam nus, batidos pelo vento e pela luz fria, invernal. Mas sabíamos que haveria sempre outra primavera, assim como sabíamos que o rio fluiria de novo depois de ter estado congelado. Quando as chuvas frias continuavam durante longo tempo e acabavam matando a  primavera, era como se um jovem tivesse morrido à toa. "

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Quando menos

Porque quando menos se espera uma saudade morna de águas e terras azuis aquece mais que as labaredas de uma fogueira, e os olhos vêem melhor o que se esconde além da arrebentação. Porque quando menos se espera melodias e vozes se transformam em toque e em pele e não importa ao planeta que nome damos as suas geografias. Porque quando menos se espera, os sentimentos vencem a mediocridade dos dias e pedem apenas para não serem excluídos das nossas falíveis vidas.


QUANDO MENOS

Porque
quando menos se espera
uma saudade morna
de águas e terras azuis
aquece mais que as labaredas
de uma fogueira,
e os olhos vêem melhor
o que se esconde
além da arrebentação.
Porque
quando menos se espera
melodias e vozes
se transformam em toque e em pele
e não importa ao planeta
que nome damos as suas geografias.
Porque
quando menos se espera,
os sentimentos vencem a mediocridade dos dias
e pedem apenas para não serem excluídos
das nossas falíveis vidas.

Obrigada, Tânia, por ter colocado em poesia a minha prosa!

Da série ouvindo no carro


Porque eu estaciono muito mal, mas dirijo muito bem e adoro as grandes avenidas em que o trânsito corre solto e eu posso ouvir e cantar, eu ouço e canto e que ninguém me diga que quem não estaciona muito bem não dirige muito bem porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Eu sei!

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012

1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki
11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011

1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho
90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva

Leituras a partir de 19 de Julho de 2010

1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.

Mundo bípede


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