terça-feira, 31 de agosto de 2010

When you want to come

Saca só, não perde o lance. A criatura vai abrir a porta, tocar  a campanhia, dim dom dim dom, fingir que entra em casa e entrar em si e o cachorro vai latir e depois ganir e a criatura vai ligar a música e arrancar a roupa e trocar de pele e se vestir de carne e aumentar o volume e girar feito vertigem e sentir o ritmo e acelerar o pulso e transpirar a mente e manipular o corpo até ele dizer relax.

Uma frase

" E eu que tenho mais alma tenho menos liberdade. "

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da série funerais - Delicadezas

Debaixo do guarda-chuva, jogou a última pedrinha guardada em caixa de veludo desde a primeira morte e virou as costas.  Fingindo ler aguns nomes nas lápides mais próximas, engatou marcha-ré em alta velocidade, desesperada para escapar das condolências dos inúmeros estranhos. Como o guarda-chuva era grande, uma senhora beatificada pela inconveniência pediu  carona até o ponto de táxi. Percebeu na hora a cilada. Disse, então, que não iria ainda embora, que precisava rezar logo ali no túmulo daquele, a senhora sabe, daquele que era, era amigo, muito amigo do meu pai. Ao que a senhora, com cara de horror, exclamou: como do seu pai, e eu que pensava que ninguém gostava dele!

Eu mamute

Eu mamute extraviado, em tempos de aquecimento global, sinto falta da era do gelo. Eu mamute peso pesado não me acostumo com os homens leves e suas duas patas ágeis e acho bem mais fácil encarar um tigre mesmo sendo com dentes de sabre. Eu mamute empoeirado  preciso de água  e gosto que seja cristalina e abundante, em doses, você sabe, feitas pra mamute. E, por fim, eu mamute pré-histórico, no futuro, andarei em bando e guardarei memórias e cuidarei de crias e não serei domesticado porque terei, a qualquer custo, me transformado em um admirável elefante.

domingo, 29 de agosto de 2010

Bípedes

Pescado no blog No Vazio da Onda.

Porque uma bipedice cafona pode ser uma super hiper tri alegria

Então, ela fez anos e anos de dança quando menina. O pai a achava um desastre sobre as sapatilhas e de coque no cabelo. Bem verdade que o cabelo de índia não combinava com os grampos e com a redinha e os laços das sapatilhas nunca estavam o suficientemente bem atados e ela gostava mesmo é de dançar descalça. A professora dizia sem meias palavras que lhe faltava técnica e ao mesmo tempo se espantava  porque a criatura fazia tudo com graça e alegria, porque dançar era uma alegria. Agora, ela faz dança como quando menina e não há mais o pai apontando os seus defeitos, embora exista um senhor bípede a dizer que a sua dança é cafona sem nunca tê-la visto, porque o marido de sua melhor amiga esteve lá dando sua espiadinha e queria  matricular-se porque havia energia, mas o senhor bípede é um bípede diferente e pode ser um senhor bastante implicante, que gosta de ser implicante e se diverte sendo. Mas, ele nesse momento não é o assunto, então, sorry, Mr. Bípede, o assunto é ela e não você, e ela, agora, dança com muita alegria. Talvez, maior e melhor do que a sua de menina e, mesmo ela não tendo mais dezessete anos e  tendo sido uma crítica feroz do Abba, ela adora brincar de dancing queen e a brincadeira pode continuar aqui e você terá de ouvir a música tantas vezes quantas ela colocar para tocar e ela precisar dançar, porque, talvez, você não saiba, but, se você não entrar no embalo, you  can dance.

sábado, 28 de agosto de 2010

Moça com pele de mar

Como pode junto à marola mansa e derretida, com as veias costuradas em ponta de mastro e à correnteza de velas, seguir a barca branca e sem tintas de uma moça com pele de mar? Como pode zarpar na frente quando no fundo do copo de outras poeiras há ainda  água e há sal? Como pode, lá no cais, brincarem os pescadores de meninos quando já na dobra do horizonte escancara-se a linha arrebentada e triste de um ar sem beijo e sem sol?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cativeiro

Não espere. Vá logo. Daqui a pouco continuará como agora. Não haverá retorno. Não há fila para furar, nem central de reclamações à espera. Os minutos seguem, não querem saber dessa água em seus olhos e dessa água em suas veias. As suas veias não são mais estradas, nem caminhos. As suas veias não estão abertas ou fechadas. Estão encerradas junto com o seu sorriso. Você perdeu o sorriso, e o silêncio penetrou a sua voz, a voz melodiosa de ritmos e de vontades a brincar com crianças como quem brinca com anjos e sementes. E o silêncio transformou a sua voz em uma voz indizível e varreu a sua lavoura como se fosse vento ou peste. E a sua terra ainda estava úmida e fértil, nutrindo a sua única flor, a flor que você queria vasta como um arvoredo à prova de serras e desacorrentada de jaulas, as jaulas que todos fingem não ver e que carregam como a esqueletos do cativeiro sem pilastras de cada um.

Para a Bety e sua Flor.
Publicado aqui.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Enquanto

Enquanto você dorme, um par de olhos pretos mira o branco da tela. No fundo, há azul e algo inquieto a debater-se feito um peixe dentro de um aquário quebrado. Enquanto você dorme, a bola planetária infla feito um balão em dia de festa, e os contornos do mundo desorganizam a parca noção de limites e continentes. Enquanto você dorme, os Beatles cantarolam many times I've been alone and many times I've cried, anyway you'll never know the many ways I've tried como se o amor coubesse em uma letra de música. Enquanto você dorme, palavras brigam com palavras, e o futuro e o presente sentem raiva do que não acontece, não está rebobinado e nem dito. Enquanto você dorme, o relógio esgota a bateria, vaza cada ácido segundo e penetra na parede de um quarto pintado de outros suspiros. Enquanto você dorme, as portas mesmo sem trancas giram as chaves e o único acesso à estrada pretendida.

Metragem

Manda calar-me e empurra-me de dentro para fora. Reclama o espaço onipresente  de sua figura. Finge-se calmo enquanto desorganiza a sequência  do que me é possível. Manda-me desvendar o horizonte e esticar a fita. Em pedaços, mede-me as ondas e o céu. Quer saber onde começa o azul sem importar-se com o lugar em que ele termina.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Teclas

Em meio aos sons da cidade, o silêncio derruba-se sobre o silêncio e embala os pensamentos com notas ainda não inventadas, marca a mente como quem marca a pele saudosa do cotidiano, da realidade diferente de uma produção em série porque pele movida a afeto e à familiaridade de palavras e de conversas que poderiam ser à sombra de uma grande árvore como em um perfumado café, ainda que prontas para viagem em um teclado  feito de plástico, pretinho básico e  forte como o solo, a terra e algumas vidas.

Números 10 e 11

Número 10. Em meio à confusão Disney, poesia, poesia na piscina, poesia corajosa, aberta, sem jogo ainda que par e ímpar. Poesia de amor, de dor, com humor, de quem entra pela porta da frente pela porta da vida de uma garota corajosa e resistente, de quem cria um mar sem sal nem tristeza e se pensa semiensolarada por dentro sem dar-se conta do quanto é solar.

"Indepência e morte

Em dezoito anos
nosso amor alcançou a maioridade
emancipou-se
e partiu em viagem."

Par e Ímpar - Tatiana Druck
finalizado em 15/08/10

Número 11. Pensando em ir para a França, acabei na Disney. Mudança de planos e nada a declarar. A não ser o lance de sorte de dar de cara com o nome Paris França, de Gertrude Stein, na última ida à livraria e de não pensar duas vezes e ir direto ao caixa e colocar na bolsa e de lá não tirá-lo e depois me surpreender com a prosa desregrada de ideias aparentemente sobre os franceses tão esquisitas quanto familiares, que eu sou família e sou esquisita, não necessariamente nessa ordem. Trechos: " Afinal, todos, ou seja, todos os que escrevem estão interessados em viver dentro de si mesmos para contar o que existe dentro de si mesmos. Por isso os escritores precisam ter dois países, aquele onde nasceram e outro onde de fato vivem. O segundo é romântico, é separado deles, não é real, mas na verdade está ali."
Paris França - Gertrude Stein
finalizado em 20/08/10



sábado, 21 de agosto de 2010

Lar doce lar

Enfim, em casa e perto da minha lareira. Uma maratona de acordar  os mortos até chegar aqui. Doses dominós de stress. Uma mala ainda extraviada. Reservas caídas e, na hora H, um santo de um supervisor da American Airlines (ave Mr. Barrett) nos salvando do caos para podermos voltar para o Brasil. A reserva São Paulo Porto Alegre do pequeno bípede completamente de férias, vai ver em Marte, e sem solução por lá em um escritório da TAM onde as paredes não têm forro e pintura, e a fiação está  pronta para eletrecutar os nem tão alegres turistas. Uma cadeirante com câncer de pâncreas em tratamento desacompanhada por falta de verbas e às lágrimas sendo ignorada pelo american way of life, obrigando-me a subir nos tamancos para que ela fosse logo atendida  e obrigando-me a mentir a ela que tudo vai ficar bem mesmo sabendo que não. E, depois das oito horas de viagem, exatamente quarenta minutos para sair de um avião  e entrar em outro, colocando nesse tempo a passagem pela imigração, a retirada das malas, a passagem pela alfândega, a solução do problema do pequeno bípede, o despacho das malas again e o embarque em outro terminal. Mas, enfim, em casa e perto da minha lareira apesar do stress e das filas, porque havia filas e gente que chorava e gente feito eu que ri e que chora ao mesmo tempo para manter a calma, se é que isso é possível.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Era uma vez uma trouxa

Quem já leu algum livro do Harry Potter ou assistiu a algum filme sabe que quem não é bruxo, é trouxa. E, quem nasceu no Brasil, sabe que, para nós, trouxa é uma pessoa sem muita luz e neurônios na cachola, pois bem, eu sou uma trouxa, com letras maiúsculas se for necessário, porque fui eu, o meu máximo eu, quem coordenou o passeio de hoje e quem garantiu aos outros dois Things da família que a visita ao Wizarding World of Harry Potter seria a coroação da viagem.  Primeiro, ficamos exatamente 1 hora e trinta minutos debaixo de um sol de fritar ovos esperando para entrar no castelo. O senhor bípede dizendo isso aqui vai ter de valer a pena,  o pequeno bípede quase desmaiando, e eu e o meu máximo eu botando a maior fé e distribuindo sorrisos de que não teria como não ser. E até foi durante um tempo. A vila é  como nos filmes, o castelo também, toca a música, a gente caminha pelos corredores, os quadros falam e se movem, as personagens aparecem, tudo igualzinho e tudo ótimo até a hora em que se chega a Forbidden Journey, o tal sobrevoo sobre os arredores do castelo e que eu, com minha bípede e costumeira confiança em guias, acreditei que fosse livre para toda e qualquer idade e personalidade. Pois bem, a experiência foi bastante desastrosa. Cada um sentado em sua cadeira modelito montanha russa foi lançado em alta velocidade no escuro, sacudido, virado de cabeça para baixo, cuspido e assustado por imagens em 3D de dementadores, aranhas gigantes e coisas que não vi porque fechei os olhos. E por mim eu até me conformava, mas o ponto é que, presa a minha cadeira, tive de ouvir o meu pequeno bípede, do início ao fim, me pedir socorro, chorando, dizendo  mãe eu tou com medo, me tira daqui, sem poder fazer nada, a não ser falar para que também fechasse os olhos e se segurasse firme que mais um pouco tudo iria terminar. Em resumo, eu sou uma trouxa e das bem grandes.

domingo, 15 de agosto de 2010

Orlando elogios

Ok, para não dizer que não falei de elogios, vou tentar elencar qualidades orlandenses. Uma: todo e qualquer lugar está sempre impecavelmente limpo. Duas: ninguém fura filas para estacionar, para entrar nos parques, nos brinquedos, restaurantes etc. Tres: não há ladrões, a pessoa pode largar suas coisas onde quiser que ninguém mexe em nada. Quatro: os funcionários de todos os lugares são muito gentis, mas vá falar ingles com someone from Japan (sem um bom Chorik para traduzir) para ver o que é complicação. Cinco: a água é potável. Seis: as estradas não tem um só buraco. Sete: a fiação elétrica é quase sempre subterranea. Oito: tem um zilhão de outlets para compras. Nove: já estava tendo dificuldade para encontrar o elogio 8, agora, no 9, a coisa está ficando feia. Dez: os elogios acabaram no 8 mesmo.  Sorry, não acabaram. O senhor bípede acaba de destacar a grande qualidade do mundo orlandense: tem trabalho para quem quiser e pouco importam as idades, as nacionalidades e a beleza. Basta ter vontade!

sábado, 14 de agosto de 2010

Disney: homens e gorilas

Está certo que a criatura é sul-americana e mora em uma cidade de apenas 1milhão e 300 mil habitantes e que antes de morar em tal lugar morava em uma que caberia inteira dentro do Maracanã e ainda deixaria um espaço para alguns vizinhos, então, dá para se dizer que a criatura é e continua sendo do interior. Nesse interior tem ruas. Na famosa Orlando, onde ela agora se encontra, tem avenidas ou estradas. Lá no interior tem também pessoas caminhando pelas calçadas, atravessando fora ou dentro da faixa de segurança e dizendo olá, como vai, tudo bem. Na famosa Orlando, no lugar de bípedes, quem passa são os quadrúpedes enormes e de todas as cores do branco ao preto girando as potentes quatro rodas. Na famosa Orlando todos olham para todos os lados porque há sempre o que ser visto, menos gente, porque por aqui gente não interessa, e os relógios e as vozes falam em outra velocidade, porque contemplação é  praticamente ofensa ou coisa de gorila em cativeiro como o expressivo  macho que ontem pareceu ser o único ser vivo a entender o idioma silencioso dessa bípede criatura.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

No hemisfério norte

O tempo oscila entre o forno e a torneira de mangueira,  que cai chuva de cascata  quando menos se espera e, no supermercado, tem mulher de short e camiseta e tem inteiramente dentro de burka.  Tem também um monte de carros grandes e um com cara de irmãos metralhas que, para o desespero do senhor bípede, pifou no estacionamento deixando a Penélope e o restante da família a pé e sem charme a comer uma pizza no quarto do hotel. Tem também um inseto invisível a atacar a carne de sempre, que amanhã há de dar-lhe um troco  depois que passar o dia no prometido mundo mágico da Disney e voltar usando um repelente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Duas semanas

Aqui em casa estamos quase que nem cantor sertanejo a cantar vamos pegar o primeiro avião a caminho da felicidade; uns mais afinados, uns menos e todos pouco fãs do gênero musical. Eu, inteiramente, fã de botas de cawboy, aliás, fã de botas. Mas não é esse o assunto, o assunto é que vamos pegar um avião para a Disney amanhã às 19 horas e dar a volta ao mundo no mais profundo universo fake do planeta até o final de semana da outra semana. Os guris estão animadíssimos, eu estou de malas prontas, que herdei de uma avó o pavor de me atrasar ou de esquecer alguma coisa. Então, se for possível, coloco algum post.  Se não for, sorry.
Beijos.
Bípede viajante

Número 9

Como disse a Gerana, O Último Leitor é um laboratório para quem pretende escrever. Fiquei quase três meses com ele de lá para cá. Finalmente, terminei no final de semana.
Trechos:

O bom leitor, o leitor admirável não se identifica com os personagens do livro, mas com  o escritor que compôs o livro.

Como em Hamlet, como em Dom Quixote, a melancolia é uma marca vinculada à leitura, em certo sentido, à doença da leitura, ao excesso dos mundos irreais, ao olhar caracterizado pela contemplação e o excesso de sentido. Mas não se trata de loucura, do limite produzido pela leitura  a partir do exemplo clássico do Quixote, mas da lucidez extrema.

Narrar não serve para recordar, mas para tornar visível. Para tornar visível as conexões, os gestos, os lugares, a disposição dos corpos.

O Último Leitor - Ricardo Piglia
Finalizado em 07/08/10

Que a minha bola de cristal é folha de papel

domingo, 8 de agosto de 2010

Acontece

Um dia, quando você menos espera, você percebe que a pirâmide movimentou-se feito um ponteiro maluco e que dentro dela estão você e a sua cria, ela embaixo e você em cima, você que, talvez, seja um filho caçula e nem tenha ainda o doce sabor de ser maduro e , então, você sabe que não há mais com quem contar ou fingir que se conta, nenhum chefe ou cacique, que as decisões agora são suas e é melhor contar com a vista do topo, com a terra que de lá se avista, porque os que vieram antes se foram e da antiga família restou uma grande quantidade de caixas vazias.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sensação

Como se os neurônios se formatassem  em milhões de pedacinhos de pele e a criatura pudesse nomear a cada um, a sensação vai se desnudando pelo corpo, secreta e certeira, sem ceder um milímetro.  Não há nada que se compare. Há o que complemente e afague a inspiração tanto quanto ilumine o que ainda se encontra dentro de um labirinto já sem monstro, sem heróis e sem espanto.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Perto da porta azul

Vem cá sentir-se em casa. Passa para o outro lado da parede. Finge que essa máquina é um elevador e aterriza perto da porta azul. Vem  para lotar a mala de memórias ainda futuras. Traz os olhos fotográficos. Não deixa escapar nada. Tinge a imaginação. Desmonta os seus conceitos. Cria uma nova obra, faz uma contrução interna. Usa as mãos para acender as luzes. Todas. Sobe as escadas. Explora o andar de cima e o debaixo e o de cima e o debaixo, vem, vai, vem. Não abafa a circulação nem o sorriso. Deixa eles ocuparem as suas horas e faz do seu corpo um lugar de comum acordo e de destemido reencontro.

Número 8

Parei O Último Leitor na parte em que começa a metamorfose do Che Guevara (depois volto). Parei porque com mais livros do Ondjaki nas mãos foi impossível resistir (A livraria Cultura tem vários títulos). E eu estou com o O.W. quando diz que resisto a tudo menos às tentações, pelo menos às literárias. Então, ontem, li, de capa a capa, o E Se Amanhã O medo. Livro de contos. Na epígrafe tem um trecho do Lavoura Arcaica (livro amor da minha vida) do Raduan Nassar. O livro também é dedicado ao Raduan. Então, não  preciso dizer mais nada, só os nomes dos meus contos favoritos, que a isso eu também não resisto: Coração com Ferrugem; Madrugada; A Filha da Sogra (preciso saber exatamente o que é um matabicho, se alguém souber, please, explique); A Confissão do Acendedor de Candeeiros; e O Pássaro do Cais.

E Se Amanhã o Medo - Ondjaki
Finalizado em 05/08/10

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Bípede Não Amigos Clube

Assim, para a alegria do meu Não Amigos Clube de Dois, leia-se daqueles que entram aqui apenas para me apurrinhar ( que tem gente que nasceu com o dom de ser desagradável e mal-educada), que como já dizia a minha mãe, quando a gente não tem nada simpático para dizer, melhor ficar quieto, eu estou completamente sem vontade de escrever, com a inspiração embaixo da neve que vem adentrando pelo Estado. Então, não estou apenas com o volume baixo, estou sem fala feito boneca quebrada, ainda que tenha como ser arrumada e tenha acesso às pílulas do Dr. Caramujo a qualquer momento. Um dia desses, uma hora dessas, a torneirinha de asneiras de novo se abre para a tristeza do meu Não Amigos Clube de Dois, que me lê mesmo quando me detesta.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Número 7

Acontece de eu ler mais de uma vez, às vezes, mais de duas ou três vezes, um livro. Mas acontece sempre um intervalo, em geral de um ano, entre uma e outra leitura. Acontece que o Há Prendisajens com o Xão li duas de sábado para cá. E sei que lerei  outras. Acontece que, dentro da minha biblioteca mental, acionadas estão outras expressões e palavras, palavras diferentes embora familiares, palavras de sensações que eu há tanto quereia nomear e, na minha bipedice, não conseguia, como: voolêncio,  lacrimealeijar e aminúsculo. Acontece de algo ter acontecido, uma acontecimoção, um acontecininho, e uma experiência assim a gente não deve deixar partir.

Frases:
" sabe por que a minha luz é tão mínima? é que estou procurar coisas dentro de mim mesmo..."
" para existenciar-se escolheu somente ser boa pessoa, daquelas que dão para aninhar amizades."
" numa luz que seja besuntada de amor voraz"
" lágrima, afinal, é uma carinhosa correcção do mundo e tem pontes com a amizade."
" borboleta tem correspondência directa"
" intimidei o dia a ser mais vertical"
" as pessoas do mundo deixaram de soluçar umas nas outras "
" há só uma distanciaçãozinha entre apalmilhar um quintal e acomodar estrelas num abraço."
" o inchaço do coração facilita o despalavrear. a liberdade pode advir de uma veia. com sangue também se reescreve a vida.

Há Prendisajens no Xão - Ondjaki
finalizado em 01/08/10 e 02/08/10

domingo, 1 de agosto de 2010

Meu corpo

Meu corpo um livro pronto e sem margens, contornado por linhas e palavras da sua poesia. Meu corpo herdeiro do sangue da sua tinta, da respiração das suas vírgulas e das interrogações mapeadas por seus dedos.  Meu corpo uma ponte para um atol no tempo,  selvagem e terno de esperanças , meu corpo uma praia e o mar da sua correnteza.

Domingo

Os jardins suspensos do senhor bípede estão iguais a ilha de Lost. É uma questão de dias até aparecer um javali ou um urso polar entre as flores. O senhor bípede, nesse exato momento, assiste o Grenal com cara de quem faz parte do grupo dos outros. Estamos, os perdidos (me and my little bípede), avisados (leia-se ameaçados) de não falar uma palavra se o Inter ganhar, porque nem pensar em usar a palavra perder para o tricolor. O tricolor, também na ilha de Lost, está a viajar no tempo, sem eira nem beira nem gols. A bípede está no andar de baixo, desceu mais quieta que a máquina de lavar louça, com as mãos levemente arranhadas de tanto podar galhos secos.  Como está frio, pensa em acender a lareira quando o jogo terminar para continuar lendo um bom livro, mas a lareira do coração está lá em cima, ancorada na ilha de Lost, e é só uma questão de resultado para aparecer ou não um javali ou um urso polar do tamanho exato do senhor bípede.

Leitura é?

A leitura é ao mesmo tempo a construção de um universo e um refúgio diante da hostilidade do mundo. ( Ricardo Piglia)

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012

1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki
11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011

1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho
90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva

Leituras a partir de 19 de Julho de 2010

1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.

Mundo bípede


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