quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Viajando


Avião vazio. Pude trocar de lugar e esticar as pernas. No sul, o dia estava lindo. Por aqui, nublado. O primeiro avião que vi no pátio? O meu. Tap estacionado. O horário do voo: 18:20. E até lá fico por aqui bipediando.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Contagem regressiva


Um dia!

Desconectada


Dignóstico pessoal: desconectada. Os neurônios estão em crise. Escondem-se até falhar. O porquê não sabe ao certo. Unidos à inseparável neurose, boicotam sua dona e não adianta tomar cápsulas Leonardo Da Vinci nem florais de resgate. A coitada está imbecilizada por conta própria. Perde de tudo um pouco, inclusive as listas de auto-ajuda em que escreve detalhe por detalhe o que tem de fazer em um dia simples de primavera. Fora isso, sente-se cansada. Parece sempre recém saída de uma maratona. Salva-se o alongamento. Santo alongamento. O sono é sacana. Não um bom sacana. Trouxe o velho Karamazov aos gritos para uma visita. Como de hábito, a expressão estava dura. Não aceitava pela milésima vez a morte. A morte é dura. E a vida? Mole? Por aqui, uma loteria familiar, que nos força a receber maus tratos e dor como se fossem prêmio, mesmo quando não é a gente quem os merece.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não está à beira de um ataque de nervos porque o estoque mensal já está gasto. Está à beira de um ataque de burrice crônica. A distração reina. No estacionamento da escola, deu uma batidinha no inconveniente carro de trás. Não estava lá. Surgiu do nada. E, putz, não é que a criatura era conhecida. A vergonha aumenta quando a outra parte sabe de quem se trata na parte daqui.

Empacotada

Eu sei. Não precisa me avisar nem ligar o abajur. Estou aqui bem em frente ao meu nariz, atrapalhando meus planos, imobilizando a felicidade do meu passeio. Eu sei. Tenho de tomar uma atitude, fazer alguma coisa. Pelo menos arrumar direito a mala para depois não levar um susto e deletar todas as fotos. Eu sei, você sabe, eles sabem: a gente sabe um monte de coisas e não sabe um monte muito maior de tantas outras. É isso mesmo. A minha ignorância é por conta própria. A neurose, não. O pacote veio por conta alheia, e a estúpida aqui abriu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Rádio Bípede Brasil


Porque meu coração afinado nunca sucumbiu à falta de tom, de ritmo e de melodia do resto de meu corpo, dedico a minha bípede estação musical à querida Apple, com seu blog delicado e intenso, e ao querido Terráqueo, recém chegado ao mundo dos blogs, mas antigo e precioso companheiro de bipedices.

domingo, 25 de outubro de 2009

Do blog Terráqueo

" ... Though nothing can bring back the hour Of splendour in the grass, of glory in the flower; We will grieve not, rather find Strength in what remains behind..."

Sobre cores e dores


Porque as cores e as dores de Frida atacam-me pelo peito e pelas pernas, oferecendo-me as raízes que perdi.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Compreeiiiiiiiiiiiiiiiii!


Esperei, esperei, esperei. Anossssssss! Ontem, por acaso, assim do nada, diante do meu nariz, estava ele, fabuloso, fabuloso, fabuloso, esperando por mim!

Contagem regressiva


Seis dias para pegar um avião.

Por aqui


Por aqui uma mulher perdendo as relíquias de sua inocência de menina, enfeitando a casa para amaciar a rotina e oferecer infância ao filho, buscando em si amizade e energia. Por aqui uma mulher em trabalho de parto, dando-se a luz aos pedaços, irritando o marido comprometido com a felicidade e com os espelhos do mundo de fora e do além mar, além lar. Por aqui uma mulher escrevendo em cadernos, tentando evitar a hemorrogia e salvar o que resta da placenta e seu cordão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os Demônios


Porque estou lendo as cartas de Dostoiévski e a minha cabeça é russa, parei em frente a prateleira e escolhi, entre eles, Os Demônios para rever. Dostoiévski sabe o porquê.

"Na pedra não existe dor,mas no medo da pedra existe dor. Deus é a dor do medo da morte. Quem vencer a dor e o medo se tornará Deus. Então haverá uma nova vida, então haverá um novo homem, tudo novo... Então a história será dividida em duas partes: do gorila à destruição de Deus e da destruição de Deus.


Deus me atormentou a vida inteira.

Meu amigo, a verdade verdadeira é sempre inverossímil, você sabia? Para tornar a verdade mais verossímil, precisamos necessariamente adicionar-lhe a mentira. Foi assim que as pessoas sempre agiram. É possível que aí haja algo que não compreendemos. O que você acha, existe algo que não compreendemos nesse ganido inverossímil? Eu desejaria que houvesse. Desejaria.

Não há nada mais astuto que a própria cara, porque ninguém lhe dá crédito.

Não irão escondê-lo em lugar nenhum. O tempo não é um objeto mas uma ideia. Vai extinguir-se na mente.

Deus é a personalidade sintética de todo um povo tomado do início ao fim.

O prazer decorrente da esmola é um prazer arrogante e amoral, é o prazer do rico com sua riqueza, com o seu poder e com a comparação da sua importância à importância do miserável. A esmola perverte tanto quem dá quanto quem recebe, e ainda por cima não atinge o objetivo porque apenas reforça a mendicância.

A necessidade da beleza e da arte que a personifica é inseparável do homem, e sem ela o homem possivelmente não desejaria viver no mundo.

Haverá horror em toda parte e, é claro, mais fingido que sincero. As pessoas só se intimidam diante do que ameaça diretamente os seus interesses pessoais."

Frase

" Às vezes é melhor não ter uma resposta do que ter a resposta errada."
Não sei de quem é. Está anotada, à caneta, na contra-capa da minha edição de Os Demônios.

Dancing


Para a pobre Ana Maria que hoje vive dentro do saco azul...

Fóssil


De repente, perdi minhas saudades. Procuro e não as encontro. Escondidas, devem estar sonolentas. A fase é sonolenta. O ritmo perdeu o samba. O luto segue em seu pretinho já pouco básico. No primeiro, a gente leva um susto e, de tão inesperado, quase o ignora. Sente falta das letras e das palavras por ele descartadas. Guarda a fita da secretária eletrônica para ouvir no recado a voz que diz: filha, é a mãe. Guarda, mas nunca a ouve. Ouve, com cuidado, as memórias, às vezes, indelicadas e deixa as histórias e as tentativas de resgate formatarem-se em sonhos. Há trégua enquanto dorme. Há perdão durante o sono. Aí, vem o segundo luto, a segunda morte e, com ela, surge a violência e o despreparo. Dilatam-se dores na mesma velocidade em que o filho se encerra. Na cabeça, uma mecânica de aço tritura o amor que definitivamente não será correspondido. E os dois lutos se unem, confundem-se em uma única placenta e a gente, também, morre. Morre feito ave. Morre até chegar o terceiro luto, gelado em um círculo do inferno, cego de hostilidade e, então, a gente sente a revolta, a ofensa e, de uma forma inexplicável, não apodrece.

Pérolas negras

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um copo de primavera


De volta do planeta dos macacos, estimulada pelos perfumes da primavera, a pequena Heleninha reage e assume sua condição de bípede. Depois de rounds perdendo as estribeiras e a força, veste-se de vontade e dá o fora da arena. Vai calma e hidratada, checando nos bolsos a presença do estimado óculos, seu objeto preferido, o grande presente do ano, o responsável pelo retorno de muitos detalhes. Vai firme sobre os sapatos, pensando em fotografá-los tamanho o seu amor pelo par, um amor quase tão grande quanto o que sente por flores e frutas, não necessariamente nessa ordem, que a ordem dos fatores não altera o resultado dizem os mais otimistas, o que até pode ser verdade, mas que não é bem o caso da Heleninha, pelo menos por enquanto, não é, criatura?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Das cartas


Das cartas de Dostoiévski:

O primeiro passo é melhor que qualquer salto.

Quando se é jovem, as ideias acumulam-se em nossa cabeça; mas não se deve capturar a cada uma delas enquanto bailam em nossa mente, e daí apressar-se para divulgá-la. Deve-se esperar pela síntese, pensar mais; aguardar até que os detalhes todos que formam a ideia tenham se agrupado em torno do núcleo, em uma ampla e definida imagem; nesse momento, nunca antes, deve-se então escrevê-la.

E sempre tive a alegria de descobrir generosidade no coração de um ladrão ou de um assassino...

As pessoas mudam o seu ponto de vista; o coração permanece o mesmo.

O pedantismo é o mais peculiar sinal de estupidez.

A ambição é válida, mas penso que devemos tê-la como norte apenas nas coisas em que colocamos nosso empenho para atingir, naquilo que transformamos em razão de nossa existência. Em qualquer outra coisa, será perda de tempo. A única coisa essencial é vivermos em paz; mais que tudo, precisamos nos compadecer de nossos semelhantes, e lutar para obter a sua solidariedade em troca. Se, em verdade, não tivermos nenhum outro objetivo na vida, esse por si só deve bastar.

Não quer dizer que pretendo me isolar do convívio social, mas não suporto estranhos.

Estar só é um estado natural, como comer e dormir;

E, de fato ninguém pode saber exatamente como é a vida de seu próximo.

Dizer apenas uma parte é como nada dizer.

Nota da bípede: por isso, leiam o livro!!!

Dostoiévski Correspondências (1838-1880)


Imperdível!

Simplesmente Marta


Porque o que não mata, nem engorda e ainda alimenta é sempre bem-vindo :)

sábado, 17 de outubro de 2009

Pois é

Ele estava na TV. Dizia que o segredo dele era não pensar na carreira, e, sim, pensar no trabalho e armar-se, tornar-se forte e imbatível. Uma vez imbatível, seria desnecessário recorrer aos golpes e às armas guardados nos bolsos e nas mangas. Todo mundo teme os segredos que habitam os bolsos e as mangas.Dizia sorrindo porque o cara é bem humorado e bem pirado e em duas doses de bom tamanho. Daí, fiquei com vontade de ir ao cinema. Que eu quase não vou ao cinema e eu gosto de sentar diante da telona com um pacote de azedinhas na mão até o céu da boca chorar de dor, mas acontece que, por aqui e por aí e em todos os lugares, os filmes são cada vez menos visíveis e à prova de óculos, de binóculos e de saco,

então, fico em casa, jogada em um sofá, junto com os meus bípedes vendo e revendo os que me parecem ter um pouco mais de contornos e que não foram levado com o vento e com antigas gerações a la Sr. Selznick, porque eu me surpreendo de novo e mais uma vez e again com a safadeza do Sr. Clark Gable, com as classes dos Sr.Gregory Peck e Sr. James Stewart, apesar de me arrepiar de verdade é com o Sr. Sean Connery, principalmente, em O Nome da Rosa, que ele, sim, é o meu tipo de espinho, mesmo achando o filme pequeno perto do livro, que eu adoro esse livro, mas esse já é outro assunto. O assunto, se não me engano, era o tarantinado Tarantino e sua desforra e eu já pensei uma tonelada de vezes no que eu faria se estivesse lá naquela hora errada naquele lugar bastardo para se existir. E imagino se seria capaz de pular no pescoço do primeiro nazi e cortar sua garganta a dentadas.

Se seria capaz de sucumbir à loucura e à maldade sem freios e sem lógica porque a morte é justa por natureza mas não é propriedade de ninguém para esse ninguém dizer esse e esse e aquele também. E fico só na piração porque, no fundo e no raso, bem na ponta do meu nariz, era bem capaz que eu seguisse com o meu bééé de cordeiro e caísse morta já no primeiro dia, na primeira hora bem na frente da primeira atrocidade porque eu realmente não sei o que fazer perto dos maus. Não sei. Mas o Tarantino sabe.

Por um triz


Compre pistolas, facas, sorrisos. Arme-se até os dentes. Afie o radar. Exercite o corpo a mente e a raiva. Não sinta piedade. Mate o remorso. Transfira o sangue. Afogue-o em um coágulo. Afogue os efeitos. Aprenda outras línguas. Decifre. Apure os sons. Identifique as respirações, os silêncios, as histórias. Seja imbatível, seja super, seja cinematográfico, abra os braços, dispare e ainda assim estará por um triz.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bipedices


E ela que pensava ser uma criatura do inverno, que morria de medo de ser atacada pelo big foot se chegasse muito perto da janela, que não saía de casa sem levar as luvas e o gorro, que tomava chocolate quente feito água, que tinha muito mais botas que sandálias, que fazia uma fogueira de dar inveja a guerra do fogo, que dizia que elegante esse casaco, que gostava de desenhar nos vidros embaçados e que continua mal sabendo nadar, agora anda de tênis e quer ser bípede no Rio de Janeiro porque lá sempre tem bons passos para dar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Invasões


De repente, Fidel invade minha ilha à procura de tesouros que me pertencem. Junto com as bombas, envia reclamações, raiva e amostras de sua incomensurável agenda e exige urgência porque seu reinado detesta os súditos e, feito uma Cleopatra descompesada, seria fantástico jogar no Nilo os irmãos todos decompostos em um saco azul de plástico, como aquele em que descansam em paz os amáveis ossos maternos. De repente, Fidel reveste-se de importância e de contatos políticos e confude sua roupagem de macho com uma armadura romana e espera ouvir Ave Cezar e realizar grandes feitos, talvez, ir a lua ou confirmar que há vida em marte, mesmo que para isso, provoque um indelicado foda-se e eu o desafie para um duelo, que eu, também, sei ser um saco e dos de morte.

Vertigem


A sensação de desconforto insiste em permanecer, não abandona o barco nem a pedido. Vai colando-se na madeira, mergulhando em cada ranhura. Pouco importa se a água está para peixe ou se uma tempestade se aproxima. Pouco importam os remos, o leme, as bússolas. Desorientada, ela machuca o hospedeiro, rouba-lhe a energia como se ele inacabável fosse. Testa-o em sua vontade e persistência tanto quanto o intoxica. A sensação de desconforto é versátil. Às vezes, vem discreta feito uma coçeirinha atrás da orelha, entra com um e-mail na máquina em nome das notícias, da família e de suas heranças. Em outras se agiganta e invade a cabeça, entorta as ideias e bate nas células como quem bate em um rochedo. E a cabeça balança, espirra mágoa, dor e raiva; tonteia, não cai e nem se vomita.

Quando o segundo sol chegar

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Maitê ofensa


Porque a beleza não põe mesa e ainda nos faz passar vergonha.

De último a segundo


Quanto mais a bola voa, mais ele se tranforma. Depois de uma temporada no inferno e muitos lágrimas escondidas sob as mãos, vai subindo no ranking. A subida é dura; as dificuldades motoras, insistentes, mas o pequeno, além de bípede e falante, tem força mesmo não tendo os punhos de aço.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Do blog O Bom Sacana


" Onde está o amor, aí está o olhar ."

Por lá


Por lá sempre a geada sobre as gramas e a fumaça escapando pela boca. A cabeça, as mãos, os pés esforçando-se para guardar o calor a caminho da escola, na hora do recreio, de volta para casa, dentro de quase toda a casa e na hora do banho. Por lá uma família bem grande gritando cada um por si e deus por todos, e um pai beato, comprometido com os rebanhos do mundo de fora e do além e com a vaidade das pernas torneadas e do rosto bonito, quase tão bonito quanto o dela, comprometida com a estética e com os pincéis do mundo de fora e do além e com a vaidade das pernas torneadas e do rosto mais bonito que o dele. Por lá, cinco filhos divididos em grupos de grandes e pequenos investimentos e amores, divididos pelos pais já na linha de montagem: os filhos do pai, os filhos da mãe e os filhos de ninguém.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Diamantes são para sempre





Negou o dna. Derramou o leite. No fim, foram-se os dedos e ficaram os anéis para me recompensar.

" ... 190 quilômetros é a profundidade necessária para a formação dos diamantes. Somente a 190 km abaixo da terra encontram-se as condições de pressão e temperatura necessárias para a cristalização das pedras. Cada uma delas demora de 1 bilhão a 3,3 bilhões de anos para ser formada. " (Revista Vogue H. Stern)

Imagens capturadas do blog BlendUp http://blogueando.com.br/

Leaving...


Porque, às vezes, dá vontade de ir a Las Vegas encher a cara até desaparecer...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

My favorite things


Nunca fui noviça, mas sempre tive minha coisas favoritas.

Madeiraaaaaaaa


Terminei Luz em Agosto. Demorei. Li à luz de velas. Nunca tinha lido Faulkner. Minha configuração é de natureza russa. Sou laureada em guerras mais frias. Neve não é problema desde que descobri como fazer fogo. Daí para cá, passei a andar no lucro. Tá certo que, às vezes, me ouvi gritando: madeiraaaaa! E, putz, tombei diante da motosserra. Quem olhou de fora, deve ter pensado, uma menos para derrubar. Eu, hein, pé por pé, voltei. I'm back. Um pouco descascada, mas ainda com muita resina e vontade de outros tantos livros ler.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Gorila


Macaco queridão, usando um urro seu: "é o seguinte", não faz diferença se a sua metragem é maior que a minha e se você chegou antes no recinto azedo da família. Talvez, eu deva te aplicar aquele velho ditado: saiu do ar perdeu o lugar, ou quem sabe, sai da frente que atrás vem gente e depois sair correndo para não levar um tapa, que eu sei que você bate, você gosta de socar, derrubar e humilhar. Mas eu sou rapidinha e sigo dando no pé em um piscar de olhos e levando ao pé da letra aquela frasezinha lá da nossa terra: não tá morto quem peleia e,veja, bem viva e da silva e de nada adianta você ter esse seu tamanho e essa sua pata porque ela é tão inútil e tonta quanto a sua arrogância.

Do blog À Conversa


" É evidente que o futuro nos reserva grandes oportunidades. Também nos reserva alguns precipícios. O truque está em evitar os precipícios, aproveitar as oportunidades e estar de volta a casa às seis horas da tarde."
Woody Allen

Descoberta pintura de Da Vinci


A pintura, chamada "A Batalha de Anghiari", estava oculta sob a parede no Palazzo Vecchi, a chamada Câmara dos 500.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Stuck in a moment

Querida


Tá certo, você tem boquinha de coração, sua pele é macia, a cintura bem fina e o seu ar descolado topa todas. Você não tem medo de nada que medo é coisa para aquela menina que você não topa, que além de certinha também não dá beijo na boca, nem vende, porque você levanta uma graninha recebendo a língua do namorado da sua irmã mais velha ou mostrando a ele o seu novo recém nascido par de seios de moranguinho, muito mais bonito que a coleção de papeis de carta perfumados daquela tonta, mas você sabe também que o pai e o irmão dela são umas graçinhas e que aquele menino tão bad boy, sabe-se lá porque desatino, prefere a bobinha a você e lhe dispensa mesmo quando você se faz de boazinha e é boazinha, então, você tem uma boa ideia e boas ideias não podem ser desprezadas e o melhor a fazer é pegar mesmo o telefone e mentir para o namorado da irmã mais velha da outra que você é ela, a menorzinha, e marcar com ele algum lance, fazer ele ir ao seu encontro para rolar um amasso e quem sabe umas fotografias, mas o cara diz não e não vai porque, apesar de você ser assim tão três sílabas, nem todo macho é Polanski, tá, querida.

sábado, 3 de outubro de 2009

Guilhotina


Pintou e bordou. Acabou sem cabeça.

O mundo é redondo mas bem poderia ser quadrado


Ela sempre tão bonitinha com o mundo nas mãos e nada na cabeça.

I hate Dolores Haze


Sacanagem: papai nunca disse " Lolita, luz da minha vida. Labareda da minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta " com a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra aqueles dentes tão grandes.

Queridinhas do papai


Meninas boazinhas sempre são as queridinhas do papai. Meninas boazinhas usam as saias curtas para exibir as perninhas grossas. Meninas boazinhas usam as roupas da mamãe para enfatizar o quanto a pobre já perdeu a forma. Meninas boazinhas quebram os batons da pobre - uma, duas, três vezes sem querer. Meninas boazinhas acham o papai a coisa mais linda. Meninas boazinhas não tem segredos para o papai. Meninas boazinhas telefonam no meio da noite para dar detalhes porque meninas boazinhas sempre são as queridinhas.

Meninas boazinhas


Meninas boazinhas tem vontade de cortar a irmã ao meio já quando acordam. Meninas boazinhas tem vontade de rasgar em pedaços as roupas mãe. Meninas boazinhas roubam o namorado da melhor amiga para não perder a prática. Meninas boazinhas batem e voltam a bater mesmo quando apanham. Meninas boazinhas colam na escola. Meninas boazinhas torcem para dois times. Meninas boazinhas comem bolacha maria e detestam saladas. Meninas boazinhas não esperam elogios. Meninas boazinhas são boazinhas, mas nem tanto.

Amélias


Lá vem o ioiô do clima. Depois de uma camiseta com blusão, casaco e casacão, amanhece um sol exibido e viciado em piscina. E a gente então acorda cedo porque o rebento e seus amiguinhos agora tem aulas no sábado e querem comer torradas porque um pãozinho com doce de leite não serve. E ser bípede, às vezes, é levar uma vida de quadrupede, quadrupede mulherzinha, não fêmea, porque os machos gostam e não gostam de suas mulherzinhas, porque se Amélia é que era a mulher de verdade, as outras todas estão raladas mesmo não sendo queijo e fazendo beiçinho.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Encontro


Quase noite e chovia. Sobre o chão de barro derramava-se o passado guardado em um buraco. A multidão aglomerava-se por entre os túmulos e jazigos. Olhos mais curiosos que tristes perseguiam o trabalho dos coveiros em farrapos e descalços no frio da vida. Grande demais para a cova, o caixão imperava com seu rei humilhado em um terno de riscas e coberto pelo manto de murchas margaridas. Faltava ângulo. De nada adiantavam, os braços fortes. O buraco não o queria. No fundo do buraco, havia sido depositada a moça, a rainha enterrada com seu rosto ainda moço, agora, reduzida a um saco azul de plástico feito os usados nos lixo das cozinhas. E assim desenvolvia-se o encontro diante dos olhos da família: ele entrava, e ela saía.

Woman reading III

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012

1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki
11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011

1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho
90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva

Leituras a partir de 19 de Julho de 2010

1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.

Mundo bípede


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