sábado, 31 de julho de 2010

Mais ou menos assim


Assim, de vez em quando, de vez em quando duas vezes,  a essa hora a criatura está acordada. E, se a criatura está acordada mesmo sentindo sono é porque mesmo sentindo sono tem preguiça de ir para a cama. A criatura tomou um pouco de vinho, só um pouco, porque  toma pouco o que é diferente de um pouco a mais e, mesmo não sendo pequena nem grande,  a criatura sente que o vinho está a se derramar um pouco além da conta pela parte de dentro, de dentro da criatura duas vezes, porque, por fora, segue tudo igual, normal e nem parece que, no corpo, há um dormitório de ficar acordada e uma estante de livros para se ler  embriagada.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Esconderijo

Com a mente embaçada e quase sem respiração, esconde-se sob a transparência das pequenas asas ainda não lavadas pelas lágrimas da estrada de chão.

Número 6

No Mar que a Noite Esconde, o tédio perde para a cama tão desarrumada quanto particular, e o corpo serve de lenha para a chama de cada frase. Não reflete, nem esquenta. Queima. E queima disfarçado de flor, de rosa, em forma de fêmea. No Mar que a Noite Esconde,  há uma escala, distraída, de olhos e pensamentos  múltiplos e prontos para desnudarem-se em palavras, em desesperos e em um inesperado e desejado sexo.

O Mar que a Noite Esconde. - Aramis Ribeiro Costa
Finalizado em 29/07/10

Boneca

Sentada sobre a estante, a boneca de olhos de vidro observa os ruídos de outros brinquedos. Nada sabe sobre eles.  Apenas sabe que copulam como se na vida estivessem. Ela, sem ouvidos, esquece-se dentro das orelhas plásticas, empurrando o par de brincos pesado como se fosse de chumbo. Por ela, jogava-os fora pelo portal de claridade que entra pela janela, sempre molhada de sémen e de lágrimas deslocadas e feitas de nítida e inquietante substância, produto resistente ainda que leve; boneca com sexo e com desejo, abandonada ao pó após o ataque de uma caixa de ódios, boneca redesenhada em preto e branco nos fósforos da lareira, que antes, testemunhava sua agilidade e sucumbia ao seu sorriso e a sua dança, então colorida, pincelada pelo ritmo exato das mãos fortes que a acariciavam e a apertavam entre as coxas iguais as suas, coxas  sinuosas feito seios e gosos, coxas prontas para guiar  um macho antes de saber que ele se transformaria em um perverso carvão de aço.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Coisa de bípede

Coisa de bípede mais louca que a loucura. Fez enquete. A enquete emperrou.  Foi para a serra depois de um tornado. Ficou espiando, pela janelas, os araucárias que balançavam, pensando, ih, será que um deles não vai cair na minha cabeça? Sentiu saudades da bonequinha. Voltou. Tirou a criatura da gaveta. Deixou tudo como estava e, agora, mandou a pobre sair de férias. Coisa de bípede mais louca que a loucura.

Da série ouvindo no carro 4


I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And than a kiss
But more than this
I wish you love
And in july some lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health
And more than wealth
I wish you love
My breaking heart and i agree
That you and i could never be
So with my best
My very best
I set you free
I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
And most of all
When snowflakes fall
I wish you love
My breaking heart and i agree
That you and i could never be
So with my best
My very best
I set you free
I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
And most of all
When snowflakes fall
I wish you love
And most of all
When snowflakes fall

Música favorita da minha bípede mãe. Ela preferia em francês. Já eu prefiro assim.

Corpo

Não. Essas  palavras não são para provocá-lo. A porta do quarto está destravada. A distância não existe, e as palavras não escondem o corpo desgostoso com tantos  silêncios. O corpo é dado a desatinos e não gosta de garantias. Tem seu passo, sua rota e ofende-se quando há agonia. O corpo existe e sabe que  você está pensando, você que o observa e que desconhece o que ele espreita, e que, por isso,  perde a dramaticidade e a inesperada radiação que dele emana.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Obsoleta

Você sabe que o seu filho está crescendo quando ele olha na sua cara e diz: mãe, não fala mais a palavra bacana que vão descobrir que você nasceu no século XX. Para ser do XXI,  você tem de dizer irado, entendeu?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Perto

Vem. Por aqui, em frente, pela estrada de terra molhada. Entra. Chega mais perto. Vem até a beira. Vem sem rumo e sem desvio. Sente. Usa as mãos. Percorre a geografia. Não contorna,  derrapa e se joga. Faz uma pausa. Fotografa. A zona é de curvas. O toque é  de pele, de um corpo sem  pudores e sem véus.

Azul

No limiar, o azul de uma tarde de areia, de uma estante de livros ainda não publicados como os sentidos submersos de um tecido macio e feminino, bordado de poemas e de distâncias sem estradas e próximas a um céu de desinibida preguiça.

Número 3, 4 e 5

Um Mau Começo, livro do meu pequeno bípede, primeiro volume da coleção Desventuras em Série, coleção que ele está lendo desde abril  e que pediu desesperadamente de aniversário. Li ao lado dele, lado a lado no sofá em frente à lareira. Ele me perguntando: então, mãe, tá gostando? Feliz por estar me emprestando um livro. Imagina se eu não iria gostar!? A história de derramar lágrimas sobre três ricos órfãos e que, ao contrário das expectativas, leva o meu pequeno marquês bípede dar boas gargalhadas.  O texto é mesmo delicioso apesar de trágico. Tive de me conter para não marcar nenhum trecho com o meu lapizinho. Eu não consigo ler sem um lápis na mão.  E isso já está virando um problema, mas problema não entra nesse post, pelo menos por hora, porque como diz o chorik, a bípede é conservadora :)
Um Mau Começo -  Lemony Snicket
Finalizado em 22/07/10

Recordações de Andar Exausto, poemas de Mayrant Gallo. Lido de capa a capa. Mayrante é assim: intenso.  O livro está todo riscadinho porque é meu, presente dele *sorrisão*. Então, pinto e bordo com afeto, que esse é meu  jeito.  Os poemas, como ele mesmo fala, traduzem o cotidiano e o impossível, duas coisas que me fascinam porque a " rotina tem seu encanto" e o impossível, o seu desafio. E eu senti também uma sensação grande de estrada. Li sentada em uma poltrona da sala de estar que mudava de paisagem conforme as páginas.
" Cais
Minha mão entre tuas pernas, descansando,
De toda uma atribulada vida poética..."
Recordações de Andar Exausto - Mayrant Gallo
Finalizado em 23/07/10


Assim, na verdade, verdadeiríssima, não aprecio muito histórias policiais, ainda que tenha desejado ser detetive quando criança e tenha uma veia xereta para ficar abelhando a vida alheia, mas a Patrícia eu gosto do mesmo jeito que gosto do James Ellroy. E o Ladrão de Cadáveres tem alguns momentos admiráveis e algumas sutilezas de Crime e Castigo e de gente a la Karamazov. Tem até a minha pobre tia E., que, quinze dias depois de enterrar o único filho, já estava em uma festa dentro de um longo com as unhas dos pés pintadas de vermelho. Segue um trecho: "  Cada dia era um novo problema de saúde, uma dor na nuca, outra nas têmporas,  na nuca e nas têmporas ao mesmo tempo, os braços anestesiados, insensibilidade nas pernas, taquicardias, vômitos, sempre com um sintoma novo. E novos médicos. Se Júnior aparecesse, mesmo morto, eu sabia, as doenças desapareceriam. Aconteceu o mesmo com minha mãe. No início, a doença é só uma ficção, uma espécie de chantagem que o corpo faz com a alma, e depois, com o tempo, vira câncer de verdade."
Ladrão de Cadáveres - Patrícia Melo
Finalizado em 25/07/10

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Bípede menina falante

Pensei, pensei, senti, pensei, senti mais um pouco e a verdade é que essa menina aí de cima, apesar de ser só uma menina, vem há muito tempo me estendendo a mão quando estou desanimada ou entristecida. Então, ela fica :)
Obrigada pelos comentários e pelas ideias!
Beijo a todos!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fechado para alguma coisa até domingo à noite. Enquanto isso, a bípede aproveita um pouco para pensar mais sobre o tempero da vida.
Bom final de semana !

Código

Não faz mais frio.  A madeira acidentada de uma geografia rara renova-se em chamas e espalha-se pela lareira como quem se espreguiça em um corpo. Arde sem pressa o mapa invisível do que jamais será perdido, mapa rasgado de livros feitos de desejadas entrelinhas.

Número 2

Mayrant Gallo lido de capa a capa ontem à noite em frente à lareira. Minicontos, anti-histórias encantadas, desamores, decepções, beleza porque há beleza, e risadas. Inesperadas risadas diante do trágico, risadas à Caetano Veloso, mais preciosas que qualquer lágrima, risadas que nem mesmo os passarinhos tristes  podem evitar.
Number 2: Nem mesmo os passarinhos tristes. (Mayrant Gallo)
Finalizado: 21/07/10

" O Outro

   Por distração ou descuido, parado na esquina, o homem perdeu um dos lados do rosto na carroceria de um caminhão. Mas não há infelicidade que não se desmanche, em parte ou em todo: a esposa, em casa, pensou que ele fosse outro e o levou direto para a cama."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Enquete

E a porcaria da enquete ao lado não aceita votos, nem os meus! Que lixo!

Desencaixotando

Coloca as compras no porta-malas, irritada. As caixas são pesadas. Os litros de refrigerante, que não bebe, parecem pedras. Ela  gosta só de água. Mas toda a semana é a mesma coisa, a correria no supermercado para levar para casa o que a família gosta,  mesmo que, para isso, o carrinho engorde feito um porco de abate e se arraste pelos corredores como um condenado, e a lista, ai dela se esquece da lista, de papel se desmanche nas mãos  como se os dedos que a carregam fossem de água ou de fogo e ela pudesse decidir se o café será servido quente ou frio, porque, às vezes, o toque na xícara se dá em brasa, a brasa especialista em marcas invisíveis e sem cheiro ou perfume, porque ela não gosta de usar perfume, porque um perfume a confunde e não a inspira, tal qual um homem com excesso de armas, macho a quem ela enquadra no grupo de júniors, macho filho de homem, o que está longe de ser a mesma coisa que um homem e a quem ela não reconhece como sendo nem da própria espécie. Ela não gosta de macho bicho. Ela gosta de macho humano. E gosta, também, de passar cremes, ainda que não use perfumes, gosta de se bezuntar de óleos e de acalmar, na pele, o peso que cabe em caixas, caixas iguais as que ela, agora, coloca,  no porta-malas, irritada.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Número 1

Houve um tempo, em que a bípede anotava os livros que lia durante o ano. Trinta e tantos no ano x, quarenta e alguma coisa no ano y e mais tanto no seguinte. Anotava em uma folha qualquer e depois, quando virava o ano, a escondia dentro de um deles sem usar de critério algum. Outro dia, por acaso, achou a lista de 2005 em um livro chamado O Fiasco. Um bom ano, boa safra, boa quantidade. Separou-a com a intenção de juntá-la as outras (na hipótese de serem também encontradas), o que, infelizmente, não significa nada, porque já não sabe onde colocou a coitadinha. Então, tendo, agora, esse bípede espaço, organizado por natureza, vai começar a lista nova de livros lidos a partir de hoje,  um tipo de segundo dia do resto de sua vida. So, number 1, com estrelinhas: La Hermandad de La Uva (John Fante)
Finalizado:20/07/10

segunda-feira, 19 de julho de 2010

No primeiro dia

No primeiro dia do resto de sua vida,  o céu não estava azul, nem os seus olhos, que sempre foram pretos, nem o seu sangue que sempre esteve no povo. No primeiro dia do resto de sua vida, chovia e, apesar do frio, a água descia morna feito palavras de afeto sobre o papel. No primeiro dia do resto de sua vida, as horas ondulavam imagens e rodopiavam a verdade, como se fosse o planeta um único continente em inabalável harmonia.

Obrigada pelo vídeo, Maria Fonseca!

Pequeno bípede

Você sabe que o seu filho está crescendo, quando ele para bem na sua frente, olha no seus olhos e diz: mãe, eu não seria nada sem mim.

sábado, 17 de julho de 2010

Atol

Ali , além de seu alcance, está o inútil marcador, tolo e descompassado, da distância sem contornos, do anti-horário das palavras imponderáveis e atrasadas, sem a identidade do tempo presente, presente extraviado  e a deriva entre um e outro atol nunca mapeados,  pontos  distraídos e desaguados  no azul de outras vidas.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mayrant Gallo

Chegaram hoje. A campainha tocou. Correio. Obra de Mayrant Gallo, preto no branco, cinco livros (alguém me belisque), todos AUTOGRAFADOS para a bípede. A bípede já tinha o Inédito de Kafka (o amarelo). Lido no verão de 2009. Um ano e meio com o livro, sempre, pensando, ah, como ficaria perfeito se voltasse para as mãos do escritor, sentisse sua pele e recebesse a sua assinatura. Pois o gênio da lâmpada existe. A bípede enviou. O escritor autografou e o pedido foi atendido e multiplicado. Mayrant, você não é só um grande escritor, você também é uma  pessoa grande, da categoria eternamente visível ( e quem quiser saber do que estou a falar que começe lendo o Inédito!)
Obrigadíssima!
Beijo.
Bípede falante e saltitante de alegria :)
Títulos: Recordações de Andar Exausto
             O inédito de Kafka
             Nem mesmo os passarinhos tristes (lançamento)
             Pés quentes nas noites frias
             Portal Stalker (antologia)
Blog http://nonleia.blogspot.com/

Kama sutra

Você sabe que o seu filho está crescendo quando você está na cozinha preparando um jantarzinho e ele entra e pergunta: mãe, o que é um kama sutra? E você, então, segue cortando um tomate, e, sem querer demonstrar a mínima alteração, fala, é um livro, achando que o assunto vai ser dado por encerrado. O que só piora as coisas, porque vem a pergunta: mas é um livro de quê? Um livro indiano, assim lá da Ásia, você explica sem explicar nada, o que faz com que uma terceira pergunta, em tom irritado, respingue no seu aventalzinho e você tenha de dar mais uma resposta chula, porque você é teimosa ou burra, que o menino já está sabendo mais do que pergunta, então, é melhor você dizer logo que é um livro sobre namoro, um manual de namoro indiano. E você, aí, diz e pensa aleluia! Viva! Toquem os sinos que dessa escapei. O que não passa de  ilusão porque  o menino olha bem nos seus olhos e diz: ah, tá deixa, você não sabe é de nada,  deixa que o google me diz.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Em um próximo verão

Porque, no próximo verão, a pele há de ficar tostada, as areias hão de ficar também mais macias, e o corpo há de flutuar sob um céu nunca antes visto de melodias. Porque, no próximo verão, o luar há de roer-se de inveja dos olhos, da sorte e do charme do sol.

Prenda minha

Com a geada vem o que foi e o que nunca mais será, que o vestido de prenda ficou pequeno, e os campos trocaram de flores e  de meninas.

Geada

Geada cobriu de branco os campos lá dos confins.
E a bípede lembrou do namorado de menina,  viola no braço, sob a janela, cantando assim:

Geada vestiu de noiva
Os galhos da pitangueira
Ainda caso com Helena
Caso ela queira ou não queira
Pra domar o meu destino
Comprei um buçal de prata
Nem um pesar me derruba
Qualquer paixão me arrebata
Acordoei minha viola
Com seis cordas de espinho
Meu canto tem cor de sangue
Teu beijo gosto de vinho
Fui aprender minha milonga
Nas águas claras da fonte
E o canto do quero-quero
Mais que um aviso é uma ponte.

Cordas de Espinho,  de Luis Coronel.

E a bípede  casou com outro moço que não usa lenço no pescoço nem brinca com tropa de osso :)

Da série ouvindo no carro 3

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Stay (faraway, so close)

Darjeeling

Pronto. Aqui. Cuidado que está quente. É, é perfumado. Selvagem? Fecha os olhos e percebe o aroma. Floral. Sim, flores. São do Himalaia. Bebe um gole. Gostou? Está se sentindo bem? Então, deixa eu chegar mais perto. Um pouco mais. Assim. Deixa eu falar no seu ouvido. É, no seu ouvido. Deixa eu falar baixinho o  raro efeito que gera em mim.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Wings of Desire

Three o’clock in the morning
It’s quiet and there’s no one around
Just the bang and the clatter
As an angel runs to the ground
Just the bang and the clatter
As an angel hits the ground.

Gerânio

No hemisfério sul, paralelo 30, cinco graus celsius. A louca da gaiola sentada em frente a janela. O estilingue descansando ao lado. Nem um pássaro no chão. Um gerânio vermelho despontando entre o verde. Em pé e calmo  mesmo depois do vento. Gerânio musical feito violoncelo a pensar-se flor sem corte,  bico ou pernas. Gerânio preso na gaiola, junto com a louca, um olhando para dentro, outro, para fora.

Vaca holandesa

Cinco graus. O sol não aquece. Sob as luvas de couro, os dedos seguem inertes. O polegar opositor não funciona como pinça. A dor de cabeça já amenizada segue presa a um último fio. Faltam dedos de tesoura que a cortem. Talvez, os de um médico. Mas médicos só a partir da semana que vem. É preciso descobrir onde foi parar a mosca que habita o olho. No momento, vive em mimetismo.  Brinca de  esconder. Culpa da dona do olho, a mão pesada que o feriu com o píncel do rímel. A vaidade tem seu custo. Quem manda ter as pestanas curtas e retas feito as de uma vaca. A criatura aprecia uma vaquinha holandesa e leiteira, manchada de preto no branco. Aprecia a cara de paisagem. Irrita-se com a cara de paisagem. Depois de um tempo, já imagina o belo tapete que o bicho pode dar.  Imagina calada, que a sociedade dos politicamente corretos é implacável e onisciente. A sociedade dos politicamente corretos assumiu a vaga de deus. Deus foi embora com uma loira de olhos verdes e cintura fina. Fugiu do inverno. Dizem que pediu arrego a Poseidon porque deus gosta mesmo é de água e marola. Dizem os ateus feito a criatura.  A dona do olho com a mosca não quer, puf, bater na fé de ninguém. Mas, puf, não se controla.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pobre

Pobre vocabulário que respira sob a  pele e instala-se entre as  células, e aquece os sentidos, convulsiona-se nos músculos e depois explode-se em nada.

Porque sou uma bípede índia de dizimada tribo

" Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
 De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
 E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
 Depois de exterminada a última nação indígena
 E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
 Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
 Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
 Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
 Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
 O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
 Um índio preservado em pleno corpo físico
 Em todo sólido, todo gás e todo líquido
 Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
 Em sombra, em luz, em som magnífico
 Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
 Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
 E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
 Assim, de um modo explícito
 E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
 Surpreenderá a todos, não por ser exótico
 Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
 Quando terá sido o óbvio " (de Caetano Veloso)

Go

Vai. Mata. Mergulha. Faz o corte. Deixa que sangre. Deixa inundar as mãos, os braços, a cabeça. Prende a respiração.  Toca no fundo. Conta até três. Fecha os olhos, abre os olhos. Morre. Volta à tona. Sai da piscina. Sai. Vai logo. Vai muda. Nua. Seca o corpo, o rosto, o vocabulário. Seca, límpida.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Em busca do tempo perdido

" Se quando eu lia um livro, meus pais me permitissem visitar as regiões nele descritas, julgaria ter dado um passo inestimável na conquista da verdade. Pois, se temos sempre a sensação de estar cercados pela própria alma, não quer dizer que ela nos cinja como os muros de uma prisão imóvel; antes somos como que arrastados com ela em pérpetuo impulso para ultrapassá-la, para atingir o exterior, com uma espécie de desânimo, ouvindo sempre, em torno de nós, essa idêntica sonoridade, que não é o eco de fora, mas o ressoar de uma vibração interna."

No Caminho de Swan.  Marcel Proust.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Bolo we love you

Bípede bolo! A deliciosa surpresa, reveladora do apelido de infância, na hora do almoço por conta do Pequeno Bípede e do senhor Bípede :)
Amei!
Obrigada!


Porque hoje tem bípede aniversário

A reedição de um post do ano passado:

A gente nunca se viu, nunca se vê, a gente mora a quilômetros e oceanos de distância, a gente tem menos de 50, mais de 50, diversas histórias, percursos ora descalços, ora com boas botas, a gente lê os mesmos livros e outros tantos até então desconhecidos para um e para outro e para muitos, a gente troca informações, opiniões, circunstâncias, a gente reclama da vida, bastante do Natal, e tem bichos de estimação, não tem, tem filhos, um dia quer ter ou não ter e essa não é a questão, a gente ri e chora no tasco alheio, se perfuma em pomares de outras músicas, a gente se empresta, empresta a loja, os depósitos, os olhos, as praias, as poesias, os traumas, as expectativas, a gente se deixa levar e a qualquer hora, na madrugada, junto com o almoço, porque a gente escreve e escreve de graça e com graça porque somos blogueiros.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bípede

" O tempo presente e o tempo passado
  Estão ambos talvez presentes
  no tempo futuro,
  E o tempo futuro contido no tempo passado.
  Se todo o tempo é eternamente presente
 Todo o tempo é irredimível.
 O que podia ter sido é uma abstração
 Permanecendo possibilidade perpétua
 Apenas num mundo de especulação.
 O que podia ter sido e o que foi
 Tendem para um só fim,
 que é sempre presente."

Espanha!

Não sobrou nem um lencinho na caixa, e o jogo ainda pode virar, mas eu estou levantando voo de alegria!

De repente

Quando você menos espera, pode acontecer de entrar o professor  do grupo mais avançado na sua aula de dança, um professor  de nome Poeta, uma espécie de poesia de  um metro e oitenta e tantos, latina e morena e dizer, para o seu desespero, que hoje a aula é com ele e pode acontecer de você, a xereta da janelinha de vidro das aulas embaladas a versos, ter a certeza de que não há saída, que o seu falso milagre da dança está com os minutos contados, e que todas as gurias vão descobrir que a sua dança não é de nada, incluindo o grupo das pink pigs, que hão de chafurdar de prazer com o seu desastre,  e você ter, então, de fazer alguma coisa rápido, nem que seja se encarar no espelho gigantesco, aquele que não deixa escapar um movimento, e pensar: que tal uma dorzinha de cabeça,  um sinto muito, professor, mas vou ter de ir tomar um Tylenol, o que já não será de todo uma mentira, mas pode acontecer, também, assim de repente, do professor  poesia pura de um metro e oitenta e tantos ser um cara bom de socorro e, com um sorrisão, dizer fica fria que você vai tirar de letra, e você prestar atenção na coreografia, pegar o ritmo e a manha e  terminar a aula se sentindo a mulher maravilha.

domingo, 4 de julho de 2010

Corvo

Corvo danado. Passa horas no meu céu. Faz sombra sobre o meu corpo. Trata-me como uma presa. Confunde meu sono com fragilidade. Mal resiste à tentação do ataque. Não me bica por uma questão de princípios. Corvo com princípios. Corvo fascinado pela minha pele de dunas, pelos laços que me encobrem. Corvo tonto. Corvo astuto. Passa horas no meu céu.

sábado, 3 de julho de 2010

On the road

Então, o senhor bípede aproveitou que a bípede falante estava na festa de São João da escola do pequeno bípede, cumprindo a risca o seu papel materno, para entrar na aventura do seu amigo indiana jones do sul e fez uma malinha e se foi, lépido e faceiro, para a estrada, mesmo sem ter o tal jipe necessário, ele que anda com essa conversa mole que tem de trocar de carro, que um 4x4 é outra coisa e bla-bla-blás, porque não pode entrar no roll dos carros desvalorizados, pensando que engana a pobre bípede tão pensante quanto falante. E foi atrás de vinhos em direção à fronteira, porque lá é bem barato e ele gosta de ser gaúcho embora mal saiba montar um cavalo e já nem tome mais tanto chimarrão. E a bípede ficou em casa com o pequeno, uma gurizada e o cachorro, no momento, entediado, sonhando com um poste de rua.

Same dream same destination

Relatório

Comandante, missão cumprida. A presa foi capturada no início da madrugada. A batalha foi rápida. Vários homens foram designados. O número de feridos é alto, e temos três baixas.  Àqueles que a atacaram por trás, ela matou. Estavam avisados de que ela seria impiedosa com quem usasse de um golpe baixo.  Tivemos de sedá-la para colocar as amarras. No momento, descansa pela terceira vez. Parece inofensiva quando dorme ainda que tenha o sono agitado: ora chora ora ri. Conforme as instruções, a interroguei assim que a prendi. Usei, inicialmente, o questionário padrão. Não obtive uma única resposta. Mas impressionou-me o seu olhar. Não confere com os dados enviados pelo alto comando. Diante do silêncio, a encaminhei para o setor de exames. Está plenamente saudável embora tenho perdido dois quilos. Da dieta oferecida, comeu apenas as frutas e bebeu bastante água. Demonstra grande necessidade de hidratar-se. De um modo que não sei descrever,  lembra-me um mar pacífico dentro de um horizonte ambulante. Para aplicar o próximo questionário, resolvi aguardar 24 horas. No primeiro intervalo de sono, mandei entregar uma caneta e papel em sua cela. Não demonstrou reação. No segundo, resolvi apelar para um livro. A aceitação foi imediata. Por três horas, ela o leu. Para testá-la, ordenei a retirada de todo o material. Não ofereceu resistência. As folhas de papel continuam em branco, mas a caneta está quase sem tinta e, no livro, embaixo de cada linha há uma nova linha em azul. Todas as entrelinhas estão escritas do primeiro capítulo até a metade quando a interrompi.  Pelo que percebo,  uma outra história está registrada dentro do exemplar oferecido. A letra é línear e inclinada para a esquerda. É uma letra fácil e feminina; seria perfeitamente legível se alguém da operação conhecesse o idioma. Por aqui não há tradutores e ninguém sabe de que se trata, acho que nem o senhor.

Concorrência

Como o pequeno bípede não deixa o meu notebook em paz e eu faço aniversário em breve, a família bípede deu-me um novo. Este em que estou digitando, bem melhor que o outro. Um Sony Vaio. Agora, é cada macaco no seu micro e todos os blogs convivendo em paz.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Receita : In love with books

A bípede falante é também uma bípede lente, lente de leitora, não de lenta, com estantes próprias dentro de casa. Nas estantes da bípede, os livros são organizados em duas categorias: nacionalidades e afetos. Se o escritor em questão for apenas, o que não é pouco, um bom escritor, vai para o seu país de origem.  Se for um arraso, um anzol, um caçador, um galo ou qualquer outra forma de vida que a cative, vai para o lar doce lar dos livros bem amados e bem lembrados. Experimentem trocar um de lugar para ver se um alerta bip bip bip não a avisa na hora de que alguém foi atingido, o que, para bom entendor, já deve estar claro: a bípede é possessiva e egoísta. Nem pense em pedir um volume emprestado. Peça de presente, e lá vai ela comprar um exemplar. Vai com gosto. Gosta de dar o que gosta, logo, como se pode imaginar, nem sempre agrada. Tem certeza, aposta suas duas mãos digitadoras de posts, que alguns livros jamais foram abertos, quiça lidos, pelos felizes ganhadores. Problema deles, dos quase leitores, se bem que é, também, um problema para os livros. Imagine passar os dias sempre eternamente all the time em um tempo sem futuro nem passado  em repouso, hibernando. A bípede, diz o senhor bípede, é louca. Ele, de vez em quando, para o que está fazendo só para ver ela passar a mão em uma capa.  A técnica é para lá de simples:  esticam-se os dedos, enconsta-se a palma da mão  em uma página e começa o alisamento da direita para a esquerda, de cima para baixo, depois de volta em direção à costura, tudo isso  em movimentos leves, e, como  diria o pequeno bípede, graciosos.

Outro Jogo

Assim, na época de menina, a brincadeira favorita chamava-se Cada Macaco no seu Galho. O jogo era bem simples, se é que era um jogo: no pátio da escola, as crianças ganhavam giz (gizes? Existira plural para tal palavra?), faziam um círculo ao seu redor e ali entravam. Depois de todos a postos, a professora apitava e começava uma correria. Passavam uns dois, três minutos, ela gritava: cada macado no seu galho! O último que conseguisse voltar ao seu posto, caía fora. Era isso, ou mais ou menos isso, que a criatura anda, no presente momento, esquecida, bastante.

:(


Pega um lencinho...  

Bipedices

O Brasil vai de azul. A pequena usa rosa. A grande prefere vermelho.  A Holanda é muito perigosa, pessoal, fala o que não gosta de amarelo nem de laranja. O cachorro é cinza, cinza com marrom, um tal de sal com pimenta. A pele é bege; no verão,  quase marrom. A noite  não dormiu. E a coisa ficou preta, cheia de vudu. Vudu de mãe, gritou o pequeno dolorido de medo. Deita aqui e me abraça.  Doeram os braços, os ombros, as pernas. Dói o corpo. Boceja a boca. A boca que adora chá e não quer calar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Bebê a bordo

A bípede e rosada criaturinha da fotografia  nasceu ontem; é a minha mais nova sobrinha. A Maria Fernanda. Ela tem apenas um dia, mas já veio com jeito de 20, do jeito que eu gosto: bem gordinha!!!

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012

1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki
11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011

1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho
90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva

Leituras a partir de 19 de Julho de 2010

1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.

Mundo bípede


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