"Certas frases têm um destino", escreveu Nelson Rodrigues em uma crônica que está entre as minhas favoritas.
O título é:"Ah, o Vinicius de Morais é um ser numeroso que só anda bem em bando", e eu a li no O Óbvio Ululante.
Livro ainda em leitura.
Talvez, em eterna.
Está em meu sangue reler e eu sou rodrigueana ainda que minha mãe tenha se empenhado para me levar para o lado alencariano dos dias.
Explico:
Na minha vida, há dois lados ou duas versões, a de Nelson Rodrigues e a de José de Alencar.
Da de José de Alencar, tenho, por força da genética, o biotipo. Com um pouco de sol e um colar de contas nem preciso colocar um cocar sobre a cabeça para mostrar quem sou. Aos quinze anos, muito antes de inventarem a chapinha, eu parecia com a tal virgem dos lábios de mel, aquela que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que o da Rapunzel no alto da palmeira.
E só.
Ou quase.
Do lado Nelson Rodrigues, tenho também por força da genética, entre outras forças, uma mente memorialista e dada a fluxos de consciência ou inconsciência, se é que no frigir dos ovos não é tudo a mesma coisa, e tenho, é claro, vasto interesse pelos bons costumes e seu vasto elenco de perversos.
O slogan que me atrai não é sexo, drogas e rock and roll.
O slogan é sexo, hipocrisias e família.
Mas o que realmente tenho do Nelson é o hábito de fazer opções imaginárias. Ele, por exemplo, se perguntava se seria pior apanhar na cara ou dar na cara.
Eu, por exemplo, me pergunto se é pior apanhar na cara ou dar na cara.
Isso mesmo. Faço a mesma pergunta.
Apanhar na cara, plaft, já apanhei.
Dar na cara, puff, não dei.
Então, como era de se esperar, não sei a exata resposta. Tenho uma ideia, no entanto.
Assim como toda nudez será castigada ou, dependendo do dia, colorida, bate bocas sofrem punições e estabelecem medidas.
Se uma frase compromete ao infinito, diversas comprometem a existência, ainda mais se elas estiverem registradas em um delicado álbum de feridas.
E só.
Ou quase.
Do lado Nelson Rodrigues, tenho também por força da genética, entre outras forças, uma mente memorialista e dada a fluxos de consciência ou inconsciência, se é que no frigir dos ovos não é tudo a mesma coisa, e tenho, é claro, vasto interesse pelos bons costumes e seu vasto elenco de perversos.
O slogan que me atrai não é sexo, drogas e rock and roll.
O slogan é sexo, hipocrisias e família.
Mas o que realmente tenho do Nelson é o hábito de fazer opções imaginárias. Ele, por exemplo, se perguntava se seria pior apanhar na cara ou dar na cara.
Eu, por exemplo, me pergunto se é pior apanhar na cara ou dar na cara.
Isso mesmo. Faço a mesma pergunta.
Apanhar na cara, plaft, já apanhei.
Dar na cara, puff, não dei.
Então, como era de se esperar, não sei a exata resposta. Tenho uma ideia, no entanto.
Assim como toda nudez será castigada ou, dependendo do dia, colorida, bate bocas sofrem punições e estabelecem medidas.
Se uma frase compromete ao infinito, diversas comprometem a existência, ainda mais se elas estiverem registradas em um delicado álbum de feridas.