tag:blogger.com,1999:blog-87955157784717812602024-03-08T06:56:44.256-03:00Bípede Falanteeditado por Helena TerraBípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.comBlogger1358125tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-49444027003870634222017-04-25T10:35:00.001-03:002017-04-25T10:44:00.737-03:00Cartão postal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-yQ5vYUx_Zgk/WP9PZbyLH9I/AAAAAAAAIJo/VH1dUUDdbHs68Z6wB5y-vJxYUcImo5X2wCLcB/s1600/postal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://1.bp.blogspot.com/-yQ5vYUx_Zgk/WP9PZbyLH9I/AAAAAAAAIJo/VH1dUUDdbHs68Z6wB5y-vJxYUcImo5X2wCLcB/s320/postal.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
I</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A mala está vazia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A nuvem perdida entre as cobertas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A água vazada além do box<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O pensamento transpirado sobre o corpo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O silêncio grudado nos ouvidos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Maior que os ouvidos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Maior do que o exílio <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E que a chegada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E a partida<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em que perderam o jogo<o:p></o:p></div>
Ele, ela e a fome diluída.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
II</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A luz acesa<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A luz apagada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A cama revirada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O pijama jogado<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O cálice vazio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O cálice pela metade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O silêncio absoluto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A frase súbita<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A resposta súbita<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O vulto grande<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As horas vencidas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O assombro</div>
<div class="MsoNormal">
A indiferença </div>
<div class="MsoNormal">
A manobra<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A falta de justiça<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O coração<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo</div>
<div class="MsoNormal">
Todos</div>
<div class="MsoNormal">
Todos imóveis</div>
<div class="MsoNormal">
E jogados sobre a mala<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mais e mais vazia.<o:p></o:p></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-21077840335726572842017-04-20T19:08:00.000-03:002017-04-20T19:08:03.420-03:00Não há amanhã<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-7-83BdlfbAk/WPkxBJH9i0I/AAAAAAAAIJY/M48jDfl-iKcP3Sm8TotUb7LvLex6rfNNwCLcB/s1600/livro17.20.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-7-83BdlfbAk/WPkxBJH9i0I/AAAAAAAAIJY/hT9FRCZpORkfAtYQKfObQESLnqERsHsjQCEw/s1600/livro17.20.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://3.bp.blogspot.com/-7-83BdlfbAk/WPkxBJH9i0I/AAAAAAAAIJY/hT9FRCZpORkfAtYQKfObQESLnqERsHsjQCEw/s200/livro17.20.jpg" width="139" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Passei este mês
de abril me debatendo com o Não há amanhã, de Gustavo Melo Czekster. Em alguns
dias, houve pequenas tréguas e nós, o livro e eu, de comum acordo dissemos não
um para o outro e fomos cada um para o próprio silêncio. As razões para o
afastamento são tão complexas que acredito que haja certa inutilidade em tentar
explicá-las. Mas mesmo assim tentarei. E tentarei por duas razões: porque nós,
o livro e eu, somos do tipo que sabe que os embates foram feitos para aqueles
que sabem e merecem fazer as pazes e porque a literatura em questão dá uma
substância às palavras que até hoje eu encontrei pouquíssimas vezes. De forma
constante e avassaladora, no <i>mundo
trêmulo </i>de Dostoiévski, provavelmente, o autor mais doido, equilibrado e
competente para falar sobre aquilo que <i>explode
dentro de cada</i> <i>pessoa</i>, pouco
importando nacionalidades, gêneros, idades, contas bancárias, gostos etc. de
todos os tempos. Sim, eu gosto de expressões fatalistas como “de todos os
tempos”. Pois bem, não deve ser à toa que o Gustavo Melo Czekster também tem
sangue russo e não deve ser à toa que ele também sabe transformar uma mágoa
individual em uma mágoa coletiva até que todas as mágoas se configurem em uma
espécie de único e inevitável destino. Destino dele, meu, seu, nosso, da
humanidade. Não sobra máscara sobre máscara, não há face que não receba razão e
sombra nos contos do Não há amanhã. Portanto, não há mentiras. Há imaginação, fantasia,
delírios passeando por entre as páginas. E há, sobretudo, verdade. Verdade
revelada com arte, a indestrutível senhora tão poderosa e imortal quanto a
morte.<o:p></o:p></span></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-89777030064280867372017-03-15T11:07:00.004-03:002017-03-15T11:07:42.633-03:00Carta à mãe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-6eKf4PyWVaE/WMlKmC6-GWI/AAAAAAAAIHQ/4ri8vgCQmyYJX2DRRHOHs31blly_dkPJgCLcB/s1600/aniversariomae.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="https://3.bp.blogspot.com/-6eKf4PyWVaE/WMlKmC6-GWI/AAAAAAAAIHQ/4ri8vgCQmyYJX2DRRHOHs31blly_dkPJgCLcB/s200/aniversariomae.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Porto Alegre, 15 de março de 2017<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Oi, mãe, minha Tibicuera,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nunca imaginei que fossemos ficar
tanto tempo sem nos falar. Em junho, fecham vinte anos... Duas décadas
redondas. Lembra como eu era birrenta quando menina e me fechava no meu quarto
para não ter de te ouvir? Você ria e, nossa, como isso me deixava zangada. Era
para você sofrer, e você achava graça. Sim, mãe, você era cheia de graça, de
leveza, de beleza. Eu queria muito crescer naquela época. Queria que as horas me
dessem sua altura, seu porte, seus dentes grandes e alinhados. Queria a agilidade
das suas palavras, dos seus dedos suaves e redentores sobre nós, sobre a casa,
sobre a cidade. Mãe, eu pensava que você era uma cidade. E você era um planeta.
Você carregava sua dimensão em nosso nome, e eu não compreendia. Não
compreendia por que você passava tardes enchendo as unhas de terra para que tivéssemos
tantas árvores quanto livros. Não entendia por que você se fechava no seu
atelier, com aquele cheiro forte de Izaras e tinta à óleo, e achava tão difícil
desenhar minha boca, eu bípede falante desde pequena, eu a caturrita da
família. Hoje, entendo. Entendo a extensão das raízes, das sombras e dos frutos
que só a natureza nos traz. E entendo
que em cada tela, mesmo as que não eram os nossos retratos, você estava nos escrevendo
uma carta. As paredes dessa casa em que vivo, com um ar barroco como você
diria, estão cobertas de mensagens suas. Nem sempre posso lê-las, mãe. Mas eu não as esqueço. No ano passado, esqueci
sua voz. Me perdoe. A dor que sinto já é um castigo. Mas, juro, nada além disso
foi perdido. Você, meu big bang, me orbita, une os meus mundos, me gira, me
aproxima do sol, da lua e do sentido da vida.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri Light",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu gostaria tanto de te desejar
feliz aniversário, tanto, mãe...<o:p></o:p></span></i></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-341569173728860962017-03-01T15:22:00.000-03:002017-03-01T16:08:59.973-03:00Meu nome foge de minha boca<div class="MsoNormal">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-SWE2N3D03bs/WLccPtCfZHI/AAAAAAAAIGs/LqwYgANdGDcorpalw4dpT_6CsDqivl3xgCLcB/s1600/boneca.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://2.bp.blogspot.com/-SWE2N3D03bs/WLccPtCfZHI/AAAAAAAAIGs/LqwYgANdGDcorpalw4dpT_6CsDqivl3xgCLcB/s200/boneca.jpg" width="165" /></a>Meu nome foge de minha boca <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
e sob o escudo da infância<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
brinco<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
que sou boneca <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
de luxo e de lixo.<br />
<o:p></o:p></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-88579790365995582782017-02-28T13:27:00.000-03:002017-02-28T13:27:08.034-03:00Da arte de ser dois<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;">Eu sei. Não é novidade alguma eu vir aqui falar que sinto falta dos meus pais. </span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;">Todo filho sem um ou sem os dois, não importa a idade, sente-se órfão.</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;">Órfão do afeto, órfão do olhar e órfão até das palavras pai e mãe.</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;">Mesmo quem tem filhos se sente órfão das palavras. Porque ouvir pai e mãe não é o mesmo que dizer pai e mãe. E aqui, que fique claro, não estou a atribuir um juízo de valor. </span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;">Mais do que cada um sabe onde seu sapato aperta, cada um sabe onde seu coração aperta.</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; text-align: start;"><br />E o meu, por me apertar tanto, vem me fazendo pensar no que havia de especial na dupla que me fez, no que havia de especial neles juntos e não em suas singularidades.<br />E a resposta é bem simples. Simples de revelar. Talvez, seja extremamente complexa de construir.<br />Os meus pais, independentemente de suas origens, de seus gostos, de seus projetos pessoais, de seus dons, de seus tropeços, de suas diferenças etc., sabiam manter a autoestima um do outro.<br />Não importava a fase, estivessem eles mais ou menos felizes, mais ou menos saudáveis, mais ou menos produtivos, mais ou menos ricos, com mais ou menos problemas, eles mantinham a autoestima do outro em pé e não se afastavam.<br />O corpo da minha mãe se desmanchou na curva perigosa dos cinquenta, mas ela morreu inteira por causa do meu pai.<br />Já meu pai morreu despedaçado em todos os sentidos por causa da ausência de minha mãe. Teria sido diferente se ela estivesse aqui não tenho a menor dúvida.<br />Deve ter sido dificílimo para ele ficar sozinho na trincheira que pertencia aos dois...<br />Deve ter sido mais do que o fim.</span><span style="font-family: "Calibri Light", sans-serif; font-size: 14pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-I0Ck2bNyOHo/WLWksj0zq3I/AAAAAAAAIGY/0DNAlKhNzI8Tn9hORgJm_b-Mz4Ktu5W0ACLcB/s1600/paimaeamor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-I0Ck2bNyOHo/WLWksj0zq3I/AAAAAAAAIGY/0DNAlKhNzI8Tn9hORgJm_b-Mz4Ktu5W0ACLcB/s320/paimaeamor.jpg" width="228" /></a></div>
<br />
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-29120359229117281932017-02-01T14:18:00.004-02:002017-02-01T14:18:34.537-02:00Volta na quadra<div>
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-K_cpiZrLoaE/WJIKRpG7sTI/AAAAAAAAIFk/I32SSNugepgYfDgwcO0UehjU4LffSKcrgCLcB/s1600/salto-alto-preto-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://2.bp.blogspot.com/-K_cpiZrLoaE/WJIKRpG7sTI/AAAAAAAAIFk/I32SSNugepgYfDgwcO0UehjU4LffSKcrgCLcB/s320/salto-alto-preto-1.jpg" width="320" /></a><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Na volta na quadra com meus quadrúpedes, converso com um operário da obra que começou aqui ao lado. Ele me diz que vão derrubar de vez o sobrado antigo. Pergunto sobre o número de andares do prédio. Três, talvez façam um quarto. Abro o sorrisão. O horizonte seguirá na minha janela. Sigo em frente, paro na casa da Tita, a chamo, e ela não vem. Nem sinal de novo. Faz dias que ela não vem... Ligo o botão do otimismo e digo para Bono e Fifinho que ela deve ter saído de férias. S</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">igo mais um pouco e vem subindo a lomba duas moças de salto agulha alto, tão alto, mas tão alto que chega a dar vertigem. Paro para observar. A única vez em que tentei calçar algo parecido, balancei para frente, para trás e quase gritei "madeiraaaa". Elas não perdem o rebolado. Conversando como se nem tivessem pés, param em frente a um carro, a motorista abre a porta, entra e senta. Eu espicho o pescoço. Ela vai trocar os sapatos por um baixinho. Vai trocar. Tem de trocar. Que nada! O carro faz ram rom ram e eu fico, na calçada, com a minha bipedice, realmente, abismada...</span><script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-4586876629724825232016-08-10T11:07:00.001-03:002016-08-10T11:16:17.760-03:00Desafio poético de Tânia Contreiras - blogue Roxo - Violeta<div class="MsoNormal">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-3yjH4MGRLIo/V6s0eohikGI/AAAAAAAAH8s/P_ImEv0l8-gFFIaAbdVq7SywUS8nx5yWACLcB/s1600/tania1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="198" src="https://1.bp.blogspot.com/-3yjH4MGRLIo/V6s0eohikGI/AAAAAAAAH8s/P_ImEv0l8-gFFIaAbdVq7SywUS8nx5yWACLcB/s200/tania1.jpg" width="200" /></a><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span><br />
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Para Tânia Contreiras, sempre poesia...</span></span><br />
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></span>
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></span>
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Turvam-se as
palavras sobre a mesa<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">dentro dos
voos e das sílabas <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">dos batimentos
calados<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">das verdades
não esquecidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Perde-se o
moinho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">da cabeça,
do vento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E nada seca a fonte</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">ou traz </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">a cura.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-85373729605013287972016-03-08T09:56:00.000-03:002022-01-19T23:44:05.164-03:00Pedindo para apanhar<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-PXN-R4r0iho/Vt7MKQmAdiI/AAAAAAAAHw4/J00I0xc_4Nk/s1600/mulhertempo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-PXN-R4r0iho/Vt7MKQmAdiI/AAAAAAAAHw4/J00I0xc_4Nk/s1600/mulhertempo.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Desde novembro, eu não entrava aqui no bípede.</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O tempo, o meu, ganhou muitas pernas de uns anos para cá. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Se ele pudesse usar calçados, deixaria Cinderela e Imelda Marcos doentes de inveja. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Eu poderia também citar a Carrie, made in NYC, obsedada por Manolos e Louboutins e por se submeter a um verdadeiro shopping de humilhações para ter o "coração" de um tal Mr.Big: um fulano, sapato apertado,tão grande quanto pequeno.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Poderia...</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Mas o assunto não é esse.</span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">
</span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Nem sei se é o tempo. </span></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">
</span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Talvez seja sobre o tempo de cada um de nós. </span></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">
</span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">De cada um, não!</span></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">
</span>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">De cada uma de nós, as mulheres: o bicho esquisito com data de validade e com data para comemorar. Na verdade, duas: a de hoje e a que divinizam como o dia das mães. </span></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Ah, tem também aquela famosa vestida de branco e perfumada de felizes para sempre. Com essa, desculpem, não gasto segundos. </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">São três?</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Pois bem.</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não curto nenhuma. </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Ai que azedume vão pensar. Divorciada dá nisso.</span></div>
<div style="text-align: left;">
Divorciada que lê Simone de Beauvoir então, haja!</div>
<div style="text-align: left;">
O fato é que o tempo não tem sido o mesmo para os homens e para as mulheres.</div>
<div style="text-align: left;">
Dizem que nós somos mais longevas. </div>
<div style="text-align: left;">
Minha mãe morreu, proporcionalmente, vinte anos mais jovem que o meu pai.</div>
<div style="text-align: left;">
Já com a mãe dela aconteceu o contrário. </div>
<div style="text-align: left;">
Portanto, esse dado não serve bem como referência.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que levaremos pelo menos setenta anos, contado de agora, para receber os mesmos salários de um homem, sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que depois de uma jornada de trabalho, trabalhamos pelo menos o dobro de horas que um homem com afazeres domésticos, coisas da casa, dos filhos, das pessoas que amamos,sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que amamentar, cuidar, ninar, levar o filho para a escola, para o dentista, no pediatra, para cortar os cabelos, no cinema, na casa dos amigos, tudo isso dentro de um universo em eterna fase de crescimento, sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que precisamos passar horas entediantes em um salão de beleza, fazendo depilações, hidratações, tinturas, mechas, consertando unhas quebradas, roídas, arranhadas de cansaço, sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que não estamos nem risivelmente representadas em uma câmara de vereadores, quem dirá em um congresso, senado,sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que aqui, na terra brasilis, há cada sete minutos há uma denúncia de agressão física contra uma mulher, sim.</div>
<div style="text-align: left;">
O de que precisamos nos encaixar nos itens acima listado, e que eu poderia estender a zilhões se tivesse tempo, simplesmente para não decepcionar os senhores e senhoras donos dos nossos egos, sim.</div>
<div style="text-align: left;">
Sim. Sim. Sim.</div>
<div style="text-align: left;">
Sim para todos eles e, infelizmente, para outros mais...</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
ps. " Tudo o que os homens escreveram sobre as mulheres deve ser suspeito, pois eles são, a um tempo, juiz e parte." (Poulain de La Barre)</span><br />
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> Tudo o que os homens e as mulheres escreveram sobre as mulheres e sobre os homens deve ser suspeito, pois somos todos, a um tempo, juiz e parte. (Bípede falante pedindo para apanhar. Mas em mulher não se bate nem com flor, não é? hahahaha)</span><br />
<div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-52102365886629107302015-12-08T09:20:00.002-02:002022-01-19T23:44:03.599-03:00<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-84043385730517848522015-11-15T14:47:00.000-02:002015-11-16T09:22:12.033-02:00A morte não pede licença<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Eq3xLweaHDU/Vki2soml5fI/AAAAAAAAHms/w3Ty3JGslzw/s1600/setimo_selo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Eq3xLweaHDU/Vki2soml5fI/AAAAAAAAHms/w3Ty3JGslzw/s320/setimo_selo.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div>
<span style="font-family: "courier new"; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "courier new"; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span></div>
<div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O escritor húngaro Imre Kertész
sobreviveu a Auschwitz com apenas 14 anos de idade. Em seu livro Um outro
crônica de uma metamorfose, diz que o horror da morte não está na morte em si,
mas na descoberta de se estar completamente perdido diante dela.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Nos atentados coordenados em
Paris, a morte, desencadeada por atos premeditados, exerceu seu papel
dilacerante de ser também uma espécie de labirinto urbano do mal.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Labirinto em que nós, criaturas
da civilização ocidental, podemos ser jogados, como em um sorteio, por
fanáticos suicidas para morrer ou para servir de mensagem aos demais a qualquer
momento. O campo de batalha estará aonde estivermos: café, estádio, escola,
metrô, calçada, terra, água e ar. Algo como: daqui para frente, não temam mais
fantasmas e bruxas, temam a nós, seremos tão onipresentes e onipotentes quando
deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">As razões
para uma ameaça de tamanha envergadura, dentro da lógica do ISIS ou de outros
grupos terroristas, em geral, se justificam em nome de deus e daquilo que eles
entendem como sendo divino e justo. Entendimento, no mínimo, parcial do que é a
justiça entre os homens. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Já
nós, dentro da tradição judaico-cristã, dizemos que fomos feitos à imagem e
semelhança de deus. Eu, particularmente, duvido e por uma série de motivos,
sendo o principal o fato de deus ter sido obrigado a optar por um gênero. Prefiro
a fala de Nietsche: <i>o homem, em seu
orgulho, criou Deus, a sua imagem e semelhança</i>. O que não significa que eu
não acredite em um poder criador. Tampouco que sim. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O fato é que sofremos também,
como os terroristas, da ilusão de que deus está do nosso lado. Do nosso lado está a nossa capacidade de ponderar, de pensar e de se constituir como uma
espécie. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Meu trecho favorito no Livro do
Desassossego, de Fernando Pessoa, na verdade, se resume a uma frase: <i>estou hoje lúcido como se não existisse</i>.
Para mim, é disso que os acontecimentos recentes tratam: da lucidez; no caso, da
falta de. </span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Portanto, temos de nos pensar como um todo. Ou somos seres racionais
ou não. Ou existe humanidade ou não. Perder uma parte dela já é nos colocar em
risco de extinção. </span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace; line-height: 150%;">Nós temos vocação para a
extinção. De guerra em guerra, temos clamado por ela, ignorando que a existência
não é infinita e que a morte pode estar mesmo cansada, ansiosa para abocanhar, de
uma só vez, o que nos resta de vida.</span></div>
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-16043066553518765152015-11-01T02:42:00.005-02:002015-11-01T14:19:50.092-02:00Ficções das pequenas incertezas I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-qAu1Czm94-E/VjWXke_ZMhI/AAAAAAAAHkg/qnVdCO5VBeM/s1600/bloguetexto1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="229" src="http://1.bp.blogspot.com/-qAu1Czm94-E/VjWXke_ZMhI/AAAAAAAAHkg/qnVdCO5VBeM/s320/bloguetexto1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"> É bem provável que ela diga daqui
pra frente narro a vida sem você. Diga quase levemente, assim como quem não
quer nada, parecendo menina, deixando as palavras derreterem-se pelo corpo
inteiro, de cima abaixo, maculando o vestido, a pele, os pés. É bem provável
que ela prenda os cabelos em um coque e ajeite a pilha de livros sobre o criado-mudo,
colorida como as fotografias tiradas no mercado de flores, antes de abrir as
portas do armário e ordenar a ele que feche as da rotina. Ele, a sua bagagem de
retorno e de ida, o seu silêncio de afagos e a sua metade agora mordida.</span></span><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=qoWRs7lXtYE&index=27&list=RDYzR8BCmV9Ew">https://www.youtube.com/watch?v=qoWRs7lXtYE&index=27&list=RDYzR8BCmV9Ew</a></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-8867987877847031702015-10-26T11:22:00.000-02:002015-10-26T11:38:23.847-02:00Em defesa da solidão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-ADf8bAsu8TQ/Vi4nyHf9JEI/AAAAAAAAHio/gRISo_jiBeA/s1600/solid%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://3.bp.blogspot.com/-ADf8bAsu8TQ/Vi4nyHf9JEI/AAAAAAAAHio/gRISo_jiBeA/s320/solid%25C3%25A3o.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div>
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<span style="font-size: large;">
Dostoiévski, acusado de conspiração contra um czar, passou dez anos preso. Quatro deles em trabalhos forçados.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div>
<span style="font-size: large;">No livro Recordações da casa dos mortos, revela o horror de perceber, logo em sua chegada à Sibéria, que assim que fosse acorrentado a outro sentenciado não teria mais um único momento de solidão, nem mesmo para exercer suas necessidades fisiológicas. Tampouco para ler ou escrever.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Dali para frente estaria em um constante isolamento, no mínimo, a dois.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Mais ou menos como acontece com os casais que convivem sem ter mais um ponto em comum a não ser o vazio. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">No caso dele, um vazio involuntário, uma escravatura, já que não cabia a Dostoiévski, em momento algum, a decisão de encerrá-lo. </span><span style="font-size: large;">A princípio, o que lhe cabia era entregar-se ao papel passivo da infelicidade. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Em outras palavras, a dar cabo de sua existência intelectual e psíquica. Sucumbir a pulsão nomeada por Freud como de morte, aceitando a aniquilação de sua individualidade e de seus desejos. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Pois Dostoiévski resistiu. </span><span style="font-size: large;"></span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">" A vida é a vida em qualquer lugar, a vida está em nós mesmos, e não no exterior", escreveu.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Freud admirava Dostoiévski. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Freud se tornou Freud em parte por causa de Dostoiévski.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E quem disser o contrário pode se auto-apedrejar.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Na verdade, quem não souber o valor da solidão pode se auto-apedrejar também.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Estar só não é estar desamparado. A não ser que a pessoa em questão seja frágil, o que é perfeitamente possível, e pense que a solidão é um território de onde não se volta.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Talvez seja um em que os fracos não têm vez.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Mas o fato é que há</span><span style="font-size: large;"> sentido no isolamento, no silêncio, no resguardo. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Na solidão, há espaço e tempo para a leitura interna, a de si mesmo, a dos próprios atos, registros, acertos e erros.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Leitura necessária para saber quem se é e quem se pode ser, o que, convenhamos, é essencial. </span></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-70608976665928800132015-10-16T11:25:00.001-03:002015-10-17T09:58:18.762-03:00Ensina-me<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-beSrw_ztXZg/ViEH6XSAYDI/AAAAAAAAHiI/-8vvryglvHc/s1600/fim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-beSrw_ztXZg/ViEH6XSAYDI/AAAAAAAAHiI/-8vvryglvHc/s320/fim.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Morte. Ninguém quer se apossar dessa palavra
em causa própria. Tampouco, como no Sétimo selo, ser visto por ela. Faz-se de tudo para eliminá-la. Que a
distância seja sempre mantida! Que sua chegada seja um acidente no vocabulário! Não há acidente. Há a sensação de que se é. Aonde quer que se vá, ela ronda e acontece
porque é legítima, está no acordo. Não se trata de uma decisão, de uma escolha,
ainda que alguns cometam suicídio. Suicídio, em raríssimas exceções, pode ser
considerado um ato lúcido. Sándor Márai se deu um tiro aos oitenta e poucos anos. Sándor Márai comprou uma arma, fez curso de como atirar e ficou à espreita
de seu último instante de autonomia, do limite em que estar vivo não é mais a
mesma coisa que existir. E, pah, puxou o gatilho! Sepultou a si mesmo. Não
houve negociação com deus. Houve uma
educação para o fim. É bem possível que sua professora se chamasse Literatura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A literatura nos ensina a morrer. Os fatos, nos
livros, acontecem além de nossos desejos, principalmente, dos desejos dos
leitores. A literatura tem função
educativa. Diz o Umberto Eco, no Sobre a literatura, que “função educativa não
deve ser compreendida apenas como a transmissão de ideias morais ou como a
transformação do sentido do belo”. Os
escritores são humanos maus, o que não quer dizer que não sejam também pessoas
boas. Mas são donos de destinos, portanto, dão cabo de personagens, respeitando
mais a intenção de seus textos que ao curioso que depois vem dar vida ao que
escreveram. Calafrios, tensão, lágrimas sobre uma folha de papel, oh, que
maldade, é uma alegria. Missão cumprida. Os escritores, assim como o Márai, manejam
armas e as detonam depois de ganhar confiança, a sua. São uma espécie de mãe,
sejam eles homens ou mulheres, desprovida de afeto e do sentido de servidão imposto
pela sociedade patriarcal. Idealizam, fecundam, geram e dão a luz às centenas
de milhares, de milhões de seres para depois abandoná-los à própria sorte,
torcendo, é verdade, para que alguns personagens sobrevivam em um leitor eternamente
como eternamente resistem em nós as memórias maternas. Um livro é um útero. A
linguagem é um cordão umbilical.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Simone de Beauvoir, no Segundo Sexo,
esclarece: “desde o dia em que nasce, o homem começa a morrer: é a verdade que a
mãe encarna.” Simone escreveu o Uma morte muito suave para exorcizar a finitude da mãe dela. A senhora Beauvoir já
tinha “idade”. Enquanto se ia, os
leitores da filha, benevolentes e inconvenientes, escreviam cartas,
alertando-a: “Se não tivesse perdido a fé, a morte não a aterrorizaria tanto”, “Desaparecer
não é nada: sua obra ficará”. A todos, Simone dava idêntica resposta. A
religião não podia fazer mais por sua mãe que por ela, não podia oferecer nada
além da esperança de um “sucesso póstumo”. Ninguém podia fazer nada por elas, exceto as
palavras, exceto a professora dona literatura com sua capacidade admirável de
tornar a quem quer que seja uma criatura um pouco menos mortal.<o:p></o:p></span></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-49249935350648670872015-10-04T14:41:00.002-03:002015-10-04T14:41:48.988-03:00Das coisas que não digo I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-CF2TJ26IDWo/VhFkTdeIifI/AAAAAAAAHg4/YrTvSXWUYLo/s1600/nuvensinstala%25C3%25A7ao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://2.bp.blogspot.com/-CF2TJ26IDWo/VhFkTdeIifI/AAAAAAAAHg4/YrTvSXWUYLo/s320/nuvensinstala%25C3%25A7ao.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Da arte de escolher nuvens<div>
e descobrir seus sexos</div>
<div>
das rachaduras e trincas<div>
<div>
do avesso</div>
<div>
das coisas que não digo</div>
<div>
e que não sei</div>
<div>
da inutilidade de um par</div>
<div>
de asas</div>
<div>
do que cresce sobre as mãos</div>
<div>
e se revela em </div>
<div>
desenhos e orgasmos</div>
<div>
do que se fecha como uma</div>
<div>
passagem e se colore</div>
<div>
invisível</div>
<div>
surge a palavra</div>
</div>
<div>
incompleta e terna</div>
<div>
do amor.</div>
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-45403448695614798312015-09-20T00:32:00.000-03:002022-01-19T23:44:03.217-03:00Ele está aqui - Parte II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-OaA9Hcrt2GU/Tsf6ik46abI/AAAAAAAADxY/cbpFq2IjSkI/s1600/patos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="104" src="http://4.bp.blogspot.com/-OaA9Hcrt2GU/Tsf6ik46abI/AAAAAAAADxY/cbpFq2IjSkI/s200/patos.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif; font-size: 16px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif; font-size: 16px;">Uma breve conversa com o pato pintor:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- O seu amigo não está? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Não, ele passa a maior parte do tempo viajando à </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif; font-size: 16px;">trabalho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">-</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif; font-size: 16px;"> E ele faz o quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- É marchand. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Ah...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Uma breve conversa no corredor com o ele que está aqui uns quinze dias, talvez um mês, quem sabe dois, depois da breve conversa com o pato pintor: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Oi, menina, o pato pintor me falou que você gosta de arte!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Muito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Eu também. Podíamos combinar de vocês jantarem lá em casa pra ver uns catálogos de uns artistas novos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Novos?<o:p></o:p></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif; font-size: 16px;">- Novos em folha! Nessa sexta-feira fica bom pra vocês?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- Claro, vamos sim! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Vamos sim! A frase dupla face. Duas palavrinhas, just two, like a tea for two, e, nos céus da boca e dos temporais, temporadas sem adoçante se abrindo. Um primeiro jantar e chá de hortelã na xícara. O chá do ele que está aqui. Chá depois da mesa posta para quatro e de nada do pato pintor aparecer, nem o pintor nem os catálogos. Chá de hortelã, outra vez, outra noite, depois da mesa posta para cinco e nada do pato pintor, dos catálogos e da namorada imaginária do ele está aqui aparecerem. Chá de hortelã pela terceira vez depois da mesa posta para todos os convidados já mencionados e de todos estarem missing e de o ele estar aqui perguntar, espantando, quase tanto quanto eu, por que eu não trouxe o meu segundo ele, tão gatinho para comer na casa do tio, e de eu, então, pensar com os meus botões pregados no alarme, por que cargas maternas eu o deveria trazer, por que cargas um menino faria parte da refeição e de eu dar graças, profundas graças, também as minhas cargas de falta de educação por ter sido indiferente e não ter combinado um jantar de retribuição logo após o primeiro jantar quando o ele que está aqui bateu na minha casa, com aquela expressão escura, para pedir uma vela emprestada e piscando nos olhos mais do que um pavio. Porque no ele que está aqui havia uma lanterna. Duas! E com uma bateria de ofuscar e dar inveja até a um segundo e prometido sol desenhado pelo mais perfeccionista dos hiperrealistas. E eu vi. Não foi interpretação, não. Muito menos imaginação ou piração. Foi uma visão com ão maiscúlo do que queimava por ali.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Garamond, serif;">To be continued...</span></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-79299496273619785252015-09-19T23:34:00.001-03:002015-09-20T00:44:57.775-03:00A vida depois das palavras<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-j0lLGxLMUyk/Vf4YR0_lEOI/AAAAAAAAHgA/3BBo9IQlZoM/s1600/crosswalk.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-j0lLGxLMUyk/Vf4YR0_lEOI/AAAAAAAAHgA/3BBo9IQlZoM/s1600/crosswalk.jpg" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">No sorriso deles, do sorriso deles, vem a solidão. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">Balançam as cortinas e as cadeiras. Adormecem as certezas. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">Outro dia se viram. Sinal fechado para os carros; verde para eles. As listras brancas da faixa de segurança entre os corpos estáticos, intactos.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">Ela de preto.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">Ele de preto.</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;"><br />As peles pálidas como se o sol da cidade fosse sombra. E não houvesse mais flores, parques, redenção.<br />Não deram um passo.<br />Os relógios esqueceram do tempo.<br />Tempo desfeito.<br />Desordenado como eram os rompantes de ardor.<br />Desordenado como eram os bilhetes. As queixas. Os tremores. As declarações.<br />Ordenado como é a vidas depois das juras.<br />Das palavras.<br />E de tudo o que não foi.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;"><br /></span>
<br />
<div>
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=mv_OvUR48ds">https://www.youtube.com/watch?v=mv_OvUR48ds</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-81281534204241038162015-08-09T02:14:00.002-03:002015-08-09T09:48:51.968-03:00Um primeiro acorda, Alice!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-k6b1R6x3hIw/VcbheXiMQJI/AAAAAAAAHbA/EI9yERwqIUE/s1600/sexo13.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="141" src="http://2.bp.blogspot.com/-k6b1R6x3hIw/VcbheXiMQJI/AAAAAAAAHbA/EI9yERwqIUE/s200/sexo13.jpg" width="200" /></a></div>
Então, a gente se achando muito criativa, independente, articulada e isso e aquilo chega ao século 21 quase do mesmo jeito que nossas tataravós alguma coisa chegaram ao 20. E as delas ao 19 e as delas delas ao 18 e por aí mais ou menos vai. Foi.<br />
<div>
A gente diz não, imagina, eu pago minhas contas, eu participo do processo eleitoral, viajo sozinha, dirijo meu carro, meu corpo e minha vida afetiva, social, intelectual até a morte e a reencarnação se deus quiser e eu acreditar.</div>
<div>
Pois bem.</div>
<div>
Há controvérsias.</div>
<div>
Provavelmente, você pague suas contas. Parabéns! É uma conquista e não é pequena. Não é mesmo.</div>
<div>
O que você não se dá conta é de que a maior parte dos homens que exercem a mesma função que você ganham mais que você. Em geral, 30%. E quanto mais qualificado for o cargo, maior fica a diferença. </div>
<div>
Ah, você pode ser funcionária pública concursada e estar recebendo o mesmo que o querido que senta a seu lado, portanto, se sente bem feliz. O que você pode não ter percebido é que talvez você ocupe esse cargo e não um mais desafiador, com mais poder e melhor remunerado porque você é mulher e não porque você realmente queria estar onde está.</div>
<div>
Explico:</div>
<div>
Na hora de se preparar para um concurso, por exemplo, do judiciário, mesmo sendo formada em direito, você prefere concorrer a uma vaga de analista que a uma vaga de juíza.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por quê? </div>
<div style="text-align: justify;">
Se você vai ter de estudar muito de qualquer forma, se você vai abrir mão de sua vida pessoal até ser aprovada, se você vai passar o resto da sua vida nesse batente, por que não almeja, digamos assim, o ponto mais alto?</div>
<div style="text-align: justify;">
O ponto mais alto não cabe a uma mulher?</div>
<div style="text-align: justify;">
O ponto mais alto tradicionalmente pertence aos homens, portanto, um ponto na pirâmide já está de bom tamanho?</div>
<div style="text-align: justify;">
Ou você imagina que não vai conseguir? Que vai ser muito difícil?</div>
<div style="text-align: justify;">
Por que não conseguiria? </div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta é porque você é mulher, e as mulheres, historicamente, foram constituídas como inferiores, para se sentir inferiores e para temer.</div>
<div style="text-align: justify;">
As culturas, tanto orientais quanto ocidentais, trabalharam para isso praticamente desde o começo. Deram a largada muito antes da gente poder se declarar, de verdade, civilizada(o)s.</div>
<div style="text-align: justify;">
Lá no início, depois da idade da pedra, com a descoberta do cobre, do estanho, do bronze e do ferro, muitíssimo antes da depilação, da chapinha, do rímel, do salto alto, os queridos que agora sentam ao nosso lado, usando o polegar opositor armaram-se e disseram: nós somos o Sujeito único e absoluto aqui da área, logo, vocês, mulheres fora da caverna, são o Outro. </div>
<div style="text-align: justify;">
E um Sujeito único e absoluto leva vantagem sobre o Outro desmembrado em zilhões de outros outros, não leva?</div>
<div style="text-align: justify;">
E digo zilhões mesmo porque eu, tal qual o José Dias, gosto de exageros e superlativos.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que eu não gosto é de machismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Inconscientemente, nunca gostei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas é difícil se dar conta, é difícil acordar, principalmente, quando a gente nasce e cresce embalada dentro dele.</div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-78599226092927799692015-06-29T20:51:00.001-03:002015-06-30T23:34:47.144-03:00Psicanálise de Vida Cotidiana: um corpo vivo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-sEt3yz7xKuI/VZHX1c2FZkI/AAAAAAAAHWc/0mKquo7Utxw/s1600/livro15.36.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-sEt3yz7xKuI/VZHX1c2FZkI/AAAAAAAAHWc/0mKquo7Utxw/s200/livro15.36.jpg" width="142" /></a></div>
<div>
Esclarecimento inicial: fiz análise durante dezesseis anos. Saí porque tive alta. Portanto digo que é uma vivência rara e me digo parabéns, você é uma bípede corajosa, curiosa, dedicada e resistente.</div>
<div>
E digo sem constrangimento porque conhecer a própria essência, encarando defeitos e virtudes, é um desafio tão árduo como escalar uma montanha. A diferença é que a escalada, com a orientação de um terapeuta, se dá para o lado de dentro.</div>
<div>
E não estou falando do lado B de cada um de nós. </div>
<div>
A gente tem muito mais que dois lados. </div>
<div>
Estou falando de percorrer o alfabeto inteiro, todas as facetas, os conflitos e os poemas que somos.</div>
<div>
Crescimento não vem com prazo de validade. A gente pode se superar, reencontrar, reinventar a qualquer tempo.</div>
<div>
Do lado de dentro, de conflitos e de poemas entende e muito o psicanalista Carlos Vieira, autor do recém lançado livro Psicanálise da Vida Cotidiana, editora Technopolitik, de Brasília.</div>
<div>
Carlos é colunista no Blog do Moreno, no site da Globo.com desde 2011. E Carlos, além de profissional respeitado em seu meio, é também um leitor voraz, um homem culto e sensível à arte e à responsabilidade das palavras.</div>
<div>
Conta ele na página 164: Freud certa vez afirmou que, depois de tudo aquilo que ele observou, pesquisou e desenvolveu em sua filha - a Psicanálise - "os poetas haviam chegado antes". Literatura e Psicanálise são dois vértices de observação dos fenômenos conscientes e inconscientes da alma humana e do coletivo.</div>
<div>
E eu com a minha bipedice assino embaixo.</div>
<div>
Minha busca primeira em qualquer leitura é sempre a psíquica. E aqui não falo só de livros. Falo de ler o mundo e as pessoas também. Não me seduzem os detalhes exteriores e aparentes de nossas vitrines humanas.</div>
<div>
Dispenso as embalagens e frufrus. </div>
<div>
Gosto do substrato, do que, camuflado ou não por olhos de Capitu, repousa nos estoques.</div>
<div>
E esse livro do Carlos, de certa forma, é um estoque de sabedoria. </div>
<div>
O poeta Affonso Romano de Sant'anna em uma entrevista afirmou: o escritor tem uma relação com a palavra como se ela fosse um ser vivo. É uma relação vital.</div>
<div>
Pois bem, Carlos é um psicanalista e é um escritor. E dos bons.</div>
<div>
O Psicanálise da vida cotidiana é um corpo vivo. </div>
<div>
<br /></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-32666676445780473002015-06-07T16:34:00.001-03:002015-06-07T18:49:33.902-03:00Mãe de gente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-vc9O90RVxN4/VXSchj30JMI/AAAAAAAAHSQ/7mtwCTdCbeg/s1600/maternidade.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-vc9O90RVxN4/VXSchj30JMI/AAAAAAAAHSQ/7mtwCTdCbeg/s200/maternidade.jpg" width="193" /></a></div>
<div>
Junho é o mês em que conto os anos da morte da mãe. Este ano, dia 23, serão dezoito. No início, pensei que com o tempo o seu desaparecimento precoce se acomodaria em algum esconderijo da minha mente. </div>
<div>
Mas não dizer mais a palavra mãe escancarou a sua falta logo na primeira semana. Até então eu não tinha entendido o quanto essa palavra nos ampara.</div>
<div>
Nos domingos, invariavelmente, ela me ligava estivesse onde estivesse. Se não me encontrava em casa, deixava na secretária eletrônica sempre a mesma mensagem:</div>
<div>
- Milha filha, sou eu, a mãe. Me telefona quando puder.</div>
<div>
Guardei a fita cassete com a gravação. Está em uma gaveta do móvel que era do meu pai dentro de uma caixinha de madeira. Dá para se perceber que sou sentimental. No entanto, não tenho como ouvi-la. O gravador compatível que eu tinha, dos tempos ainda de faculdade, se perdeu. Talvez tenha ficado na casa antiga.</div>
<div>
Muitas coisas se perderam.</div>
<div>
De muitas coisas me perdi. </div>
<div>
De algumas outras fui perdida.</div>
<div>
A vida é também uma dinâmica de subtrações embora a gente passe o tempo acumulando de tudo um pouco, inclusive novos laços e alegrias.</div>
<div>
Três anos depois que a mãe morreu, tornei-me uma. </div>
<div>
Gordo, grande, saudável nasceu o meu filho. E a cada mãe, mamãe, que ele disse e diz sinto falta da minha.</div>
<div>
A minha mãe, além de cuidar da família e da casa, lecionava, pintava e administrava um pomar de maçãs. Não se encaixava no modelo materno primário de que ser mãe é viver só de dar e receber amor. Não se encaixava em vários modelos femininos propagados por essa nossa cultura despudoradamente autoritária e machista. </div>
<div>
Entretanto, se encaixava no que entendo por ser, de verdade, a pessoa responsável pela educação de uma outra. Educação afetiva, social, política, pessoal. Educação muito além dos manuais de etiqueta e dos bancos escolares.</div>
<div>
Assim como eu, minha mãe adorava cães. </div>
<div>
Assim como eu, não se sentia mãe de nenhum.</div>
<div>
Me perdoem as mães de gatos e cachorros. A ideia não é diminuí-las. Mas ser mãe de gente é outra história. Exige trabalho árduo e constante. </div>
<div>
Mãe de gente não sai e bate a porta e diz até a noite.</div>
<div>
Mãe de gente está sempre de olho na agenda e nas emoções, suas e de sua cria.</div>
<div>
Mãe de gente ensina sem parar, aprende sem parar.</div>
<div>
Mãe de gente testemunha acertos e erros, testemunha frustrações, evoluções, participa. Mãe de gente se modifica, cresce, faz aniversário duas vezes por ano, três, quatro, quantas forem as crianças.</div>
<div>
Mãe de gente passa noites em claro porque o filho está doente, porque o filho está lépido e faceiro em uma festa, porque está viajando com a escola, porque foi mal na prova, porque foi bem na prova, porque se acha bonito, feio, bonito, inteligente, tonto, inteligente, porque comeu demais, de menos, porque levou um fora ou deu.</div>
<div>
Mãe de gente se envolve mais que mãe de bichinhos. </div>
<div>
E mãe de gente renuncia ao que for.</div>
<div>
Mãe de gente, se precisar, nem precisa pedirem, dá logo a vida. </div>
<div>
Mãe de gente morre com a morte de um filho.</div>
<div>
Mãe de gente renasce para honrar a memória desse filho.</div>
<div>
Mãe de gente se torna mãe de muitas gentes.</div>
<div>
Da própria mãe quando chega a velhice.</div>
<div>
De si própria e dos irmãos quando não há mais uma mãe para chamar.</div>
<div>
Mãe de gente conta os anos pra trás e pra frente, pra trás e pra frente, eternamente. </div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-71539323429743357362015-05-31T11:28:00.001-03:002015-05-31T11:28:51.675-03:00Da série escritos dentro de um livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-X1_91dAf8Gg/VWsaH_n_M7I/AAAAAAAAHRw/3_rwHaU_3tE/s1600/cloudenvelop.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="124" src="http://1.bp.blogspot.com/-X1_91dAf8Gg/VWsaH_n_M7I/AAAAAAAAHRw/3_rwHaU_3tE/s200/cloudenvelop.jpg" width="200" /></a></div>
<div>
<div>
O tempo</div>
<div>
faz suas entregas</div>
<div>
todos recebem</div>
<div>
<div>
suas mensagens</div>
<div>
mesmo que</div>
<div>
não rasguem </div>
<div>
os envelopes.</div>
</div>
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-81221330825964556332015-04-29T12:19:00.000-03:002015-04-29T12:19:16.360-03:00Traduzir-se <div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />é todo mundo:<br />outra parte é ninguém:<br />fundo sem fundo.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />é multidão:<br />outra parte estranheza<br />e solidão.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />pesa, pondera:<br />outra parte<br />delira.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />almoça e janta:<br />outra parte<br />se espanta.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />é permanente:<br />outra parte<br />se sabe de repente.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Uma parte de mim<br />é só vertigem:<br />outra parte,<br />linguagem.</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Traduzir-se uma parte<br />na outra parte<br />- que é uma questão<br />de vida ou morte -<br />será arte?</span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; background-image: initial; background-repeat: initial; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #555555; font-family: ATypewriterForMe;">Ferreira Gullar</span></div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-39775484232831732015-03-28T14:39:00.002-03:002015-03-28T15:32:41.221-03:00Ainda é céu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-WJ1FuPX21Ww/VRbm_B_Y6tI/AAAAAAAAHOI/Mh3Qm22yIBQ/s1600/Gabilivro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-WJ1FuPX21Ww/VRbm_B_Y6tI/AAAAAAAAHOI/Mh3Qm22yIBQ/s1600/Gabilivro.jpg" height="150" width="200" /></a></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Sábado passado, Gabriela Silva lançou seu primeiro livro de poemas, Ainda é céu.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Eu gosto de poesia. Muito.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Desde julho de 1998, por ordem da professora Léa Masina (ordem mesmo que ela costuma ser bem enfática), leio diariamente um poema. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Disse ela naquela época: versos instrumentalizam a linguagem e sensibilizam a percepção do mundo, portanto se você quer aprender a escrever, comece a lê-los hoje. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Ou disse algo assim. Registrei dessa maneira. E, obediente, segui à risca.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Desde então, a meia dúzia de livros de poesia que eu tinha ganhou quantidade e variedade: da poesia soviética à africana, da poesia francesa à norte-americana, da barroca até a contemporânea, explorei.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Me configurei em uma versão autodidata (ignorante por conta própria como disse o Quintana) de uma espécie de em busca dos poemas perdidos. Ou seja, daqueles que de tão inteligentes e significativos a gente quase não acredita que existem.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E fui ficando curiosa, exigente e rabugenta, bastante rabugenta quando frustrada. Rabugenta sempre fui, tenho de ser honesta.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Mas </span><span style="font-size: large;">acima de tudo o que aconteceu com a minha meia dúzia de livros de poesia foi uma ampliação também em qualidade. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Minha coleção foi ganhando uma pele mais palpável. Meu vocabulário ampliando sua humanização pela diferença. E meus pensamentos ocupando um lugar mais sereno no espaço.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Espaço que eu, ingenuamente, pensava sólido e fértil como a terra e que só compreendi a mobilidade me deparando com o livro da Gabriela Silva.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">O Ainda é céu não é sólido e fértil como uma lavoura.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">O Ainda é céu é uma revelação corajosa da origem, de qualquer origem, do momento que antecede o crescimento das formas terrenas e sublimes de vida.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Ele fala de amor como essência e não como ideal.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Fala de amor como motor, como meio para reconciliação com a vida e não como meio de tolerância diante do desamparo da morte.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">O Ainda é céu aposta que o amor não é grande nem pequeno e que amar se aprende amando e sendo amado dentro da cumplicidade dessas duas entregas.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E eu aposto nele. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Aposto que ainda é céu para nos entregarmos ao pó da terra.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Aposto.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E espero que eternamente continue sendo.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Ainda é céu. Editora Patuá. 93 páginas.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Imagem de Patrícia Belmonte</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div>
<div>
<br /></div>
</div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-7466504321746717662015-03-26T14:27:00.001-03:002022-01-19T23:44:01.540-03:00<span style="font-size: large;">Ninguém nasce sabendo ser mãe li em um artigo. Diz lá que ser mãe se aprende sendo mãe do mesmo jeito c</span><span style="font-size: large;">omo o "amar se aprende amando", do Drummond.</span><div>
<span style="font-size: large;">Até aí nada de novo.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Ser mãe, ser pai, ser filho, irmão, amigo, amor implica aprendizado.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E aprendizado implica boa vontade. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Quem não quer aprender, não aprende mesmo que tenha todas as condições. </span><span style="font-size: large;">E quem quer, mesmo que não as tenha, progride ainda que com passos mais tímidos.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">O alcance se dá aos poucos, mas se dá. </span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">E isso por si só já tem muito valor.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">O problema está na intolerância de quem por andar mais rápido se pensa superior.</span></div>
<div>
<span style="font-size: large;">Não existe gente superior. Existe gente diferente. E a diferença que deveria fazer de verdade diferença é vista como defeito e não qualidade.</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-47971473279582544772015-03-22T15:31:00.003-03:002015-03-22T15:31:47.661-03:00Faulkner Faulkner Faulkner<div style="margin-bottom: 6px;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-WYyMwbsFRLE/VQ8JyZv7vRI/AAAAAAAAHNs/sC_EJSvQvaQ/s1600/faulkner.jpg" imageanchor="1" style="background-color: white; clear: left; color: #141823; float: left; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.4559993743896px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-WYyMwbsFRLE/VQ8JyZv7vRI/AAAAAAAAHNs/sC_EJSvQvaQ/s1600/faulkner.jpg" height="100" width="200" /></a><span style="font-size: large;">Estou lendo O som e a fúria.<br />Já li, do Faulkner: Luz em agosto; Enquanto agonizo e Absalão, Absalão.<br />Adorei os três e estou apaixonadíssima por esse que agora leio.<br />Segue trecho do Absalão, Absalão ( terceiro filho do rei Salomão, meu pai é paz):<br /><br />" A gente nasce e experimenta algo e não sabe por quê, mas continua experimentando, e a gente nasce ao mesmo tempo que uma porção de outras pessoas, tudo misturado com elas, como que tentando, precisando, mexer os braços e as pernas presos a cordões, só que os mesmos cordões estão amarrados a todos os outros braços e pernas, e os outros todos estão tentando e não sabem por que também, só que os cordões estão todos embaralhando uns com os outros, como se cinco ou seis pessoas estivessem tentando fazer um tapete no mesmo tear, só que cada uma quer tecer seu próprio padrão no tapete..."</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 15.4559993743896px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
</div>
</div>
<script>
function click() {
if (event.button==2||event.button==3) {
oncontextmenu='return false';
}
}
document.onmousedown=click
document.oncontextmenu = new Function("return false;")
</script>
<script language="JavaScript1.2">
function disableselect(e){
return false
}
function reEnable(){
return true
}
//if IE4+
document.onselectstart=new Function ("return false")
//if NS6
if (window.sidebar){
document.onmousedown=disableselect
document.onclick=reEnable
}
</script>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795515778471781260.post-41863611899795665882015-03-20T09:37:00.002-03:002015-03-20T09:38:39.077-03:00NOTA DE ESCLARECIMENTO ou SOLIDARIEDADE NA REVOLTA, PARIS #02Compartilhando:<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<a href="http://efeito-colateral.blogspot.com.br/2015/03/nota-de-esclarecimento-ou-solidariedade.html">http://efeito-colateral.blogspot.com.br/2015/03/nota-de-esclarecimento-ou-solidariedade.html</a></div>
<div>
<br /></div>
Bípede Falantehttp://www.blogger.com/profile/08512840365020637687noreply@blogger.com0