Uma breve conversa com o pato pintor:
- O seu amigo não está?
- Não, ele passa a maior parte do tempo viajando à trabalho.
- E ele faz o quê?
- É marchand.
- Ah...
Uma breve conversa no corredor com o ele que está aqui uns quinze dias, talvez um mês, quem sabe dois, depois da breve conversa com o pato pintor:
- Oi, menina, o pato pintor me falou que você gosta de arte!
- Muito.
- Eu também. Podíamos combinar de vocês jantarem lá em casa pra ver uns catálogos de uns artistas novos.
- Novos?
- Novos em folha! Nessa sexta-feira fica bom pra vocês?
- Novos em folha! Nessa sexta-feira fica bom pra vocês?
- Claro, vamos sim!
Vamos sim! A frase dupla face. Duas palavrinhas, just two, like a tea for two, e, nos céus da boca e dos temporais, temporadas sem adoçante se abrindo. Um primeiro jantar e chá de hortelã na xícara. O chá do ele que está aqui. Chá depois da mesa posta para quatro e de nada do pato pintor aparecer, nem o pintor nem os catálogos. Chá de hortelã, outra vez, outra noite, depois da mesa posta para cinco e nada do pato pintor, dos catálogos e da namorada imaginária do ele está aqui aparecerem. Chá de hortelã pela terceira vez depois da mesa posta para todos os convidados já mencionados e de todos estarem missing e de o ele estar aqui perguntar, espantando, quase tanto quanto eu, por que eu não trouxe o meu segundo ele, tão gatinho para comer na casa do tio, e de eu, então, pensar com os meus botões pregados no alarme, por que cargas maternas eu o deveria trazer, por que cargas um menino faria parte da refeição e de eu dar graças, profundas graças, também as minhas cargas de falta de educação por ter sido indiferente e não ter combinado um jantar de retribuição logo após o primeiro jantar quando o ele que está aqui bateu na minha casa, com aquela expressão escura, para pedir uma vela emprestada e piscando nos olhos mais do que um pavio. Porque no ele que está aqui havia uma lanterna. Duas! E com uma bateria de ofuscar e dar inveja até a um segundo e prometido sol desenhado pelo mais perfeccionista dos hiperrealistas. E eu vi. Não foi interpretação, não. Muito menos imaginação ou piração. Foi uma visão com ão maiscúlo do que queimava por ali.
To be continued...