domingo, 28 de fevereiro de 2010


Pobre professor Edgar! Sempre sacudindo o seu mundo maravilhoso por causa de um certo grupo de bípedes de uma certa família. Gritando: vai na bola! Cuidado! Olha só o que você está fazendo? Por que parou? Respira! É para o outro lado, corre! E nada, nenhum resultado, nenhum ponto marcado. Habilidades atrofiadas. Talento zero. Um pouquinho de charme para disfarçar as desvantagens e atestados médicos tão frios quanto Vancouver para justificar o desânimo e as ausências jamais sentidas. Na verdade, agradecidas pelos pacientes colegas de turma da primeira bípede até a última, que o desastre foi democrático e sem explicação, porque teria sido um show estar em um jogo de inverno, branquinho de neve, repleto de deuses nórdicos quase tão reais quanto os seus olhos azuis.

Paris Combo


Pesquei no Oveja Blanquinegra, blog peruano. Não conhecia. Não conheço tanta coisa. Minha ignorância me surpreende o tempo todo. Como também não falo francês, tive de entrar em um tradutor on line para ter uma ideia de que trata a canção. Adorei!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Campanha faça uma bípede falante feliz

Saudosa pequena, pequena notável, bípede querida, nada que é seu vem com data de validade. O seu temperamento é, por natureza, renovável. Sua fênix é graciosa e intensa, acima de pontos no mapa. O seu lar é a sua mente, o seu invejável conjunto de neurônios nada básico. O seu blog não depende de um tema. Você dispensa linha editorial. Não é a Europa quem dita suas regras. Nem a América do Norte ou do Sul. Muito menos são as igrejas do Leonardo que iluminam o seu ritmo. O seu estilo é o seu charme e a sua visão de mundo. Sua novidade está em você. O Portônica não é platônico. É planetônico!

Bípedes blogueiros, estimados blogueiros, minha pequena bípede Maricota, minha filha sobrinha afilhada está, como ela diz, voltando para a saudosa maloca hoje. Depois de um intercâmbio de seis meses, estudando direito na universidade do Porto, de ter conhecido 44 cidades pelas "zoropas", de ter crescido e aparecido, feito caretas sempre chiquezinha, derramado algumas lágrimas e muitos risos e devorado história agora pensa, sabe-se lá porque delírio juvenil, em deixar o seu blog Portônica em algum lugar do passado. Por sugestão da Lucy in the Sky with Madri, colocou uma enquete para decidir. Eu, evidentemente, já tentei votar uma centena de vezes pedindo que ela continue. Go on, Maricota! Mas consegui deixar apenas um voto. O sistema é eficiente. E eu também não sou boa em trapaças. Então, entrem na casinha virtual da minha pequena http://www.portonica.blogspot.com/ e, please, please, pleassseeee, cliquem em "sim, sempre leio..." mesmo que não seja a realidade :) A união faz a força e acho que isso até pode se tornar verdade. A danadinha escreve super bem!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Para uma criança nascida na hungria


Nona sinfonia, de Gustav Mahler.

Domínios

Esteve, por conta própria, tempo demais preso à parede. Descascou com a pintura. Apenas no último momento, na hora em que as malas foram levadas para fora, decidiu descer. Mantendo o uniforme da soberba, articulou um silêncio sonoro e insustentável. Os ruídos atingiram o quarto e a cada metro quadrado potencializaram sua substância, indo fixar sua clave sobre o envelope da carta escrita para os mortos. Os selos haviam sido arrancados. As linhas continuavam retas. Prosseguiam na cova de palavras dobradas por dedos delicados. Dedos de diálogo e de respiração ofegante, quebrados pela massa compacta da casa impotente e mutilada pela relação plástica de excessivas mentiras.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Bonecas


Deram a faca para a cria não nascida, e ela cortou o sangue em duas partes. Uma triste, outra mais triste. Como fazer boa figura era importante, de imediato, vestiu o mesmo traje, desmoralizado pela falta de criatividade, porém aceito pela absoluta ausência de gosto dos presentes. Para que um pouco de personalidade ficasse embutida, escolheu, na palheta, outras cores. O penteado manteve. Parece que o tamanho e a forma também. Depois de feito o trabalho, empurrou para longe os pingos restantes. Tal qual uma rainha, rolou sua Alice. Alice doesn't live here anymore soou no gongo, e um finíssimo fio quis abrandar-lhe o rosto que não sorriu.

Esquecimento

Não tem falado sobre literatura. A bipedice egocêntrica tem estado dominante, enlatando a cabeça, uma cabeça em conserva feito azeitona ou palmito. No entanto, os livros seguem aliciando os neurônios. Lutam por eles, para que cresçam e apareçam além das mechas que os emolduram. E a criatura não resiste. Deixa-se levar e, quanto mais lê, mais estranha se revela, porque a afeição gruda nas páginas como se fossem elas a sua relevante propriedade, mera fantasia de que a algo especial pertence.

Pandemônio


A situação não é ímpar. Não cheguei em terceiro lugar. Coloquei o capacete para não usar a carapuça. Senti vontade de me unir a um urso panda, embora eu tenha mais jeito com macacos. Eu tou indo para o planeta dos macacos, não aquele em que a estátua da liberdade foi tomar um banho de areia. O meu rumo é o espiritual. Eu sou fruto do espírito e não do corpo de um banana, o abacaxi de casca grossa. E, agora, preciso de uma navalha para desfazer a raiva e desvestir - se é que existe esse verbo, se não existe, tá na hora de sair de alguma boca fechada à zíper, no caso, a minha - esse moleton apertado e opressor que me domina.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Indiferença


Inútil encarar o reflexo. O velho tratou de quebrá-lo. Fez guisadinho das outras formas. Sem engasgar, devorou uma por uma. Aos cacos não se deu o trabalho de recolher. Sempre cultivou a preguiça, eufemismo para o deslavado relaxamento. O punho e o coração guiaram-se pela mesma balança, inclusive o signo. O velho era de libra, uma libra de ferro fundido a rancor e a um visível tanto fez tanto faz.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Maria Bethânia


Porque onde ela pisa há revolução, e eu queria tanto ser coqueiro.

Tadinha

Queria ser Maria Bethânia. Abrir a voz e estremecer o chão. Nascer na Bahia ou em Pernambuco. Dormir na rede. Dormir sem sede. Queria ter os cabelos frutados, cacheados de ritmos. Dançar o corpo enquanto caminha. Ninar o caminho. Entender o balanço da estrada e do alto mar sem sofrer de naúseas ou de solidão.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tontiei

E esse par de sapatinhos brancos sem príncipe grudados nas suas patas de gazela, manca e quase de esquerda, porque a direita anda sempre por linhas certas e não escorrega, nem tropeça, nem cai de sono ou cansaço. E essa bolsa bicolor, nem grande nem pequena, do tamanho de suas ambições ambivalentes e oscilantes como o rebolado que o par de sapatinhos brancos sem príncipe impõe as suas pernas rosadas de bípede, que quase não usa minisaia para resguardar a cor das calçinhas e evitar os porres andantes, que o mundo está cheio de machos de meia tigela e de fêmeas também, que o mundo canta o cantor, ora bolas, quem mais haveria de ser, é um moinho e gira e gira até ficar bem tonto, tão tonto quanto uma vítima do labirinto da cabeça e das ideias, daquelas que sentem vertigem até no traçado de um régua.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Varal

Na quarta-feira de carnaval, no lugar das cinzas, surge um mar azul laminado e retrovisor feito um espelho de explicações. Dependurado no ar, ele usa as roupas atrofiadas de uma infância atrofiada pelo costume de habitar um lar distante dos andares e paredes da existência construída. Os andares acima, ainda em esboço, sempre dependentes das decisões, vacilam entre sentar-se sobre os próprios desejos ou sobre as escavações. Pouco resistem. Discretos, recordam o que não é nem suficientemente antigo. Feito irmãos desarmônicos competem pelo elevador e pelas chaves da biblioteca. Cavam, nas nuvens, a massa compacta da casa. Picham, sobre as paredes, futuros hieroglifos. E, sem diálogo ou falsos sons da verdade, contentam-se em manter-se como pontos tristes de um varal sem cor

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Eu acredito em Noel


Há silêncio na casa e nas ruas. Nos meus pés e no peito, um batuque. É tarde. Pode ser que amanhã de praia. Os comentaristas da Globo são uns porres. A Unidos da Tijuca ontem arrasou. O jornal Nacional fez uma matéria com cara de já ganhou. Mas meu bom senso também saiu de férias. Foi beber com o carnaval. Então, daqui não saio e ninguém me tira antes da Vila Isabel desfilar o Noel.

Noel a Presença do "Poeta da Vila"
Samba enredo 2010, de Martinho da Vila

Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seus sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele a bordel
Mas sei que está presente
Com a gente neste laurel

Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais

(Foi um grande!)

Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou
Ô ô ô
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a Dama do Cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Araci e os Tangarás
Lamartine, Ismael e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel

Tem a energia da nossa Vila Isabel
Tem a energia da nossa Vila Isabel

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O melhor do mundo


Ninguém deu crédito. O senhor bípede o chamou de inútil. Disse que ele não era de nada. Parecia um caso perdido. Mas fevereiro veio provar o que a agora avó bípede sempre acreditou. Ontem à noite, a quadrúpede com nome de princesa entrou em trabalho de parto e, agora, o Bono, o melhor cão do mundo, é papai! Vivaaa o meu Boninho!!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Zeus nos acuda!


Enquanto o senhor bípede explica que Zeus fulminou Asclépio porque ele colocava em desarmonia o cosmo, o maldito deus dos fornos me sufoca como se eu fosse um peixe morto. O lindo céu azul de mar azul durante a tarde armou uma peleia com o vento e com a brisa, e os dois foram embora, deixando um círculo do inferno ao redor da minha casa, minha quadra, a do vizinho e de meu nariz alérgico, agora trancando feito um cofre, desviando da minha saúde o bem-estar que a natureza malvadinha não quer mais saber.

Céu, sol, sul


A família bípede está de volta às areais escaldantes de Torres. Clarinhas como uma gemada, elas ardem as solas dos pés descalços. Levam, aos pulos, os novos baianos de pouca ginga e desafinados para os mares do sul. Nos mares do sul, aparecem lobos marinhos; de vez em quando, pinguins; raramente, alguma baleia lost in the sea. Não faltam surfistas. Exibidas, as ondas arreganham as espumas brancas como os dentes do George Clooney, fisgando os brothers e suas sereias. Os mares do sul costumam ser frios e cinzas, mas, hoje,não sei, acordaram tão mornos e azuis.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O blog já tem nome


Então, tá. Democraticamente escolhido, o vencedor é mesmo o Mínimo Ajuste. Sugerido pela a blogueira além mar, do blog À Conversa, Apple, que, como dizem lá na terra em que nasci, é o pecado que deu certo. Parabéns :)

Senhas serão distribuídas a partir de: minimoajuste@gmail.com
O blog já está respirando, peladinho como os bebês em:
www.minimoajuste.blogspot.com

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Aviso aos navegantes


Até amanhã meio-dia, horário de verão brasileiro, aceitam-se votos para o nome do bebê blog. Depois, a urninha fecha, sem lacre, é bem verdade, mas na confiança. E a gente vê no que deu :)

Sobre bípedes e bípedes


Para o desespero dos psicólogos, a mãe bípede falante amamentou o pequeno bípede durante 11 meses e três semanas e foi ele quem se desmamou, foi ele quem tirou a boca do seio e disse um sonoro não!

Para o desespero da mãe bípede falante, o pequeno bípede começou a tagarelar aos nove meses de idade. Para a alegria do pai bípede, a primeira palavra foi abu, tradução: a luz; e a segunda, papa, tradução: papai ou comida. A tal mãe bípede falante prefere acreditar que era mais comida que papai.

Para o desespero do pai bípede, a mãe bípede, vide a quantidade de meses amamentando o pequeno bípede falante, quase mudou o seu próprio nome e apelido para o universalmente conhecido Jocasta.

Para o desespero do pequeno bípede falante, dono de um lindo nome e de um simpático apelido, as terríveis letras de Édipo quase auteraram a certidão de seu nascimento e seu temperamento independente e simultaneamente amoroso.

Para o contentamento dos psicólogos, a mãe bípede falante nunca faltou às sessões de análise e depois de alguns anos, the miracle aconteceu, e foi ela quem tirou o seio da boca e disse um sonoro não!

Para o contentamento da mãe bípede falante, o pequeno bípede continuou tagarelando, mas, com o vocabulário ampliado, de abu e papa, ela passou a ouvir muito as frases: pequeno bípede ama mamãe; pequeno bípede ama pequeno bípede; mamãe, eu te amo; mãe, eu me amo.

Para o contentamento do pai bípede, a mãe bípede falante deu uma de medusa, lançando sobre a intrusa Jocasta uma petrificação à prova de Harry Potter e de Lorde das Trevas e o pequeno bípede também passou a dizer as frases ali de cima para ele.

Para o contentamento do pequeno bípede, a mitologia e os presentes de grego voltaram para os livros, filmes e jogos ainda que o pai bípede e ele sigam praticamente no Olimpo e tratem a mamãe bípede como se ela fosse uma ninfa, já que em deusa poderosa ela não se encaixa por ser demais normal e mortal, o que não deixa de ser uma pena.
Já que sou filha de Oxum, não tive como não ir conhecer minha mãe da Bahia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Baianice


O Rudivaldo Júnior, que nos levou de cá para lá, explicou que a Ivete é a rainha, e o Carlinhos Brown, o rei. Ele disse que o certo mesmo seria dizer que é a Daniela. Então, lá vai a homenagem para quem tem a coroa mesmo sem o trono porque o canto da cidade é dela, sim, e a força que ela tem ninguém explica.

O senhor bípede está preocupado com a minha baianice. Eu estou preocupada com a minha baianice. Se eu falar que até aula de axé fiz, ninguém acredita. E believe me, I did. Meus braços seguem balançando de lá para cá e de cá para lá e eu não sei quando isso vai parar, se é que vai.

Las Vegas é aqui


Senhores e senhoras, ocupem os seus lugares e façam as suas apostas. Os nomes estão na mesa. Depois que sentar, ninguém sai, ninguém sai, mesmo o jogo não sendo a dinheiro. A roleta vai rolar e não é russa; de fato, um pouco húngara. As sugestões votadas estão empilhadas feito fichas. A ordem não é mera coincidência. Bem em cima, está o meu favorito, favoritíssimo, que meu temperamento já não aguenta mais ajustes e não tem vocação para o mundo das exatas, embora reconheça o seu incomensurável valor. Quem quiser, peça um vinhozinho. Por essa bandas, serve-se muita caipirosca.

Mínimo Ajuste
Pimenta nos Olhos
Sem Fronteiras
Oh my Blog
Passaporte Húngaro
Santa Estupidez
Porta Aberta
Além das Fronteiras
Blog Adentro
Passageiro da Chuva
Chovendo no Molhado

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Partida


Cinco blogs encerrados. Cinco pessoas partindo em um silêncio à prova de apelos, longe de nossas mãos, de nosso toque, de nossa voz. Não mortos. Desaparecidos. Palavras como corpos não encontrados, dizendo adeus, despertando a dolorosa sensação das perdas.

Pasárgada

O nome dele era Gustavo, mas no cartão estava escrito Guto. O Guto tem uma baianinha de três anos e para ela nunca falta nada porque ele dirige, sem espelho retrovisor, o seu tuk tuk, ou sei lá como se escreve, o dia inteiro. E leva gente para lá e para cá e vai rindo e voando porque gosta de vento e de companhia. O Guto nos levou para ver a casa do Garcia D'ávila. Uma das minhas ruas favoritas no RJ chama-se Garcia D'ávila. Como eu gosto da rua, tinha simpatia pelo dono do nome. Simpatia gratuita. Não sabia nada sobre ele. A Bahia me contou. Pois o Garcia era amigo do rei. Veio de Portugal com o Tomé de Souza, aquele governador que a gente aprende na escola e, sendo amigo do rei, um dia Garcia ganhou uma Pasárgada, bem pequena, miudinha miudinha. Assim da Bahia ao Maranhão está bom, concordou o Garcia. O Garcia, diz a história, tinha muita energia. Era um cara muiiito esforçado. Trocou trabalho por patrimônio, depois ganhou uns trocados e mais outros e outros e quando foi ver já tinha até uma Casa que era um Forte. E por lá armou-se até os dentes de pólvora e escravos, porque sendo muiito esforçado precisava de ajuda, um pouquinho de apoio, sabe? E conta o Guto que apoio era o que não faltava. E regras também. O "apoiante" podia apoiar e pronto. O "apoiante" podia se rebelar e apanhar e pronto. E o "apoiante" podia tentar escapar e ser açoitado ou enviado para a onça e pronto, porque, na casa do Garcia, que a onça vai comer, isso se sabia. O que o Garcia não sabia é que uma "apoiante", escondida, alimentava a onça para ela não ter tanta fome e quem sabe assim negar seus instintos. Foi o Garcia descobrir e lá foi a miseravinha para a onça, e a onça não comeu, nem na hora nem depois. Acabaram as duas mortas da Silva, ou melhor, mortas da D'ávila, porque na Casa da Torre, tinha bicho que nunca perdia a fome, nem que para isso pessoas tivessem de morrer.

Para o dindo bípede






domingo, 7 de fevereiro de 2010

No tabuleiro da Bahia

De volta ao sul 40 graus sem mar e ar, não me resta muito o que fazer além de enxugar as lágrimas e colocar a casa em ordem. Desarrumar as malas foi moleza. Não eram malas mesmo. O senhor bípede levou a malinha que usa nas viagens de trabalho, e o meu pequeno e eu repartimos a dele, a bolsa vermelha e forte, não forte e feia. Arrumar foi um pouco difícil.Desarrumar foi como tirar doce de criança. Restou só o choro e um bocado de areia, porque estamos os três mais para lá do que para cá, chorosos, cantarolando ai, ai que saudades eu tenho da Bahia. O pequeno, por ser de fato pequeno, abriu o bocão e esmurrou o lençol branquinho da cama arrumada pela camareira Júlia na hora de vir embora. O grande fingiu que não viu, nunca é com ele, e essa criatura, eu, sendo mãe, filha de Oxun, adoradora da cor solar, fez o que sabe fazer: consolou o pequeno, o que não deixa de ser consolar a si mesma, porque se ele há de voltar à Bahia, ela há de ir também. Aí, suspiramos adeus aos coqueiros, aos baianos, às águas flutuantes de afeto e alegria e fomos para o aeroporto fazendo planos. Os meus mirabolantes, estilo rede Glogo, pensando em arranjar uma noiva baiana para o meu filhote, uma filha de Carlinhos Brown. Os do senhor bípede mais plausíveis, que ele é mais feijão que eu, o seu modesto sonho, de uma próxima vez ir a Trancoso; e o pequeno, o pequeno veio em silêncio, contando as fitinhas coloridas do senhor do Bonfim como quem reconta as estrelas do último luminoso céu que viu.

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012

1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki
11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011

1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho
90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva

Leituras a partir de 19 de Julho de 2010

1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.

Mundo bípede


visited 21 states (9.33%)
Create your own visited map of The World