Sobre invernos, travessias e umbrais
o colo da manhã umedece os passos
sobre o lume da estrada distraída
meus olhos pendem para o infinito
enquanto a mulher de riso asteroide
descortina faces e frases no varal
Lúcida estrela que, na blogosfera,
Espalhas amizade com doçura;
Leitura que na vida sabe a lenda
Escrita que as nossas vidas transfigura,
Nuance sempre nova e tão brilhante
Auguro hoje para a Bípede Falante.
Poema para uma Bípede Alada
A face de Lelena
Esparge raios
De um líquido sol
Que se insurge
Contra a escuridão sólida
Num ímpeto
Liberta sentidos
Inaugura gestos
Amamenta palavras
Recém-nascidas.
Os pés transmutam-se
Em asas
Faz casa nos céus
E aconchega na boca
Sílabas delirantes.
Nos olhos de Lelena
Há bois, florestas e borboletas
Auroras de nuvens acesas
Pela chama da inspiração.
A pele de Lelena
É feita de escamas
A cauda é de penas
O riso é de pérolas
De ostras indecentes.
Despudorada,
É sobre dois pés
Que Lelena voa.
Amizade virtual, na simétrica de um clique,
Onde o espaço é o enunciado que se cruza
Entre sorrisos que não se vêm
E de repente, tão de repente, as vacuidades
Se sentem e sobrolhos se arrepanham.
Bípede Falante bem haja pelo seu carinho
Blogosfericamente virtual que quando se ausenta deixa saudades.
A espécie...
Bípedes Falantes desmontam
relógios e brinquedos de corda,
mas só sabem remontar os sonhos.
Bípedes Falantes caçam
borboletas, gentes e nuvens,
para salvá-las do mundo
e guardá-las aos sete ventos.
Bípedes Falantes sabem
como falar pelos cotovelos
dos incontáveis abraços
que suas pernas percorrem
e sua boca verte em plenitude.
Etérea
pelas nuvens percorre
enigmas
escuta o vento
ora em versos
beija a palavra
casa feita de nuvem
na janela: seu céu
enigmas
escuta o vento
ora em versos
beija a palavra
casa feita de nuvem
na janela: seu céu
Falante
Fala de nuvens como ninguém,
Nuvens ludens
Que vogam, que dançam,
Sacodem os ossos, vão e vêm.
Fala de si mesma como se fosse outra
De si mesma criatura refém,
Emblema terno das humanices
Que ao ser falante convém.
Fala da leitura
A voraz leitora
Com a amorosa postura
De uma co-criadora.
Fala de escritua,
Orgânica lavoura,
Da terra sintática,
Da semente semântica,
Do enxerto verbal,
Da água pura,
E da luz quântica.
Fala da vida inscrita
Em cada estação,
Da flor que outonara,
E depois hibernou,
Que enfim chega vera
E será a alegria plena
De olhos que verão.
Fala do azul-candura
Para pés que tem asas,
Fala dos nervos vivos
Que voam sílabas
Na pena que livre plana,
Travessa ou densa,
Em travessia e procura
Da palavra mais humana.
Nuvens de Lelena
somente é mistério
a arte manha de voar
pra quem não
ousou viajar
nas nuvens de lelena,
nelas flutuou no meio,
nelas trepidou no seio
e sobreviveu a alguma
de suas panes-aquarelas.
Quis rasgar verbos, desequilibrar palavras e frases para expressar minha alegria e emoção neste momento. Já risquei, já passei até borracha (!), fiz bolinhas de papel, e NADA! Se soubesse e pudesse engarrafar nuvens, hoje, no dia do teu aniversário, enviaria um engradado delas cheio de amor, alegrias e desejos realizados! Rasgaria minha língua para arrancar palavras de carinho e admiração. Se pudesse, atravessaria o oceano para dar-te um grande abraço, mas no momento a realidade bateu o martelo e decretou a impossibilidade de realizar tal sonho...! Por isso, só me resta, por enquanto, desejar-te um lindo e FELIZ ANIVERSÁRIO !!
As letras, qual labirintos, apontam mapas sem fim, enquanto os olhos se perdem nas nuvens em busca de sinais que seduzam a inquietação.
Teimas, para lá do rugido das águas, em dissecar as palavras, uma a uma, como se em busca da textura perdida da ternura que amacia a respiração da pele.
Na cumplicidade das ilhas vais descobrindo o sentido do suor das letras, da sua respiração.
E quase sem te dares conta, as palavras começam a dançar...
O ano de 2010 foi gratificante em muitos aspectos, mas um em particular foi agraciado de forma muito especial: conhecí Bípede Falante. Conhecí num espaço que é de ninguém e de todos ao mesmo tempo, um espaço que aproxima os que compartilham de ideias e deais parecidos. Visitamo-nos com frequência, nossas casas-blogs estão sempre abertas, trocamos mensagens e impressões, tornamo-nos próximas mesmo com a distância geográfica que nos separa. Em determinado momento deixou de ser Bípede Falante e tornou-se Lelena, quase amiga de infância, identificação revelada na mútua admiração que nutrimos uma pela outra. Neste 8 de julho de 2011, dia do seu aniversário, dia da abertura de minha exposição de pinturas intitulada Solitudes, dia em que nos conheceremos pessoalmente, já que virá a Salvador para o evento, quero registrar aqui o meu desejo de muita felicidade, saúde e amor, que seus sonhos se materializem e que nossa amizade se consolide na medida de nossa satisfação em termos nos conhecido. Estou muito feliz por esse encontro! Grande, forte e afetuoso abraço e parabéns pelo seu dia!
Hoje eu quero homenagear os seres bípedes, do tipo falante, mas nós somos bilhões, de forma que não é bem isso o que eu quero. Poderia limitar-me então às mulheres, e mesmo assim estaria me incluindo, já que minha porção mulher é a melhor que eu trago há tempos, de modo que também não é isso o que eu quero. Pensei nas gaúchas, e aí talvez eu circunscrevesse melhor meu desejo, mas se há as de Vacaria há também as de Rio Grande e embora ambas, amiga e esposa, rivalizem em beleza, são sentimentos de departamentos distintos. Poderia então homenagear as Helenas, mas Manoel Carlos já fez isso tantas vezes, e eu, que também sou filho de Helena, não estaria sendo nem um pouco original, embora originalidade não persiga aqui, mas a verdade, a infinita verdade. Então fique claro de uma vez por todas: quero homenagear hoje a bípede falante, mulher, gaúcha, Helena e Lelena, uma amiga que por muito pouco não conheço em Salvador, junto aos quadros das queridas Lucia e Ivonete. Lelena, uma blogueira de prosas poéticas (ou seriam de poemas prosaicos?), coisa que a Tânia Regina já provou e o mundo aprovou. E já que tantos amigos e amigas a homenageiam hoje, me contentaria em saudar seus olhos, que por diversas fotos me avisaram pertencer a um mundo intenso, misterioso e insondável de gentilezas, carinhos e bem-querer, com que trata a todos, os quais eu, agora sim satisfeito, felizmente me incluo.
Aqui tua definição perfeita: “Espalhas amizade com doçura”
ResponderExcluirEs que...sos musa, poema y un poco más que eso.
ResponderExcluirque bonito né quando nos podemos ver nos olhos dos outros! PArabéns Lelena e um super beijo!
ResponderExcluira nuvem quase esteve ao meu alcance, mas deixou-se escapar alada entre o caminho ou estrada que liga ou desliga feira a salvador,
ResponderExcluirbeijo de um estar quase próximo
faz anos hoje? meu Pai também. :))
ResponderExcluirmuitas felicidades e, porque não tenho jeito para poesia (nem para quadras de métrica regular sequer!), deixo-lhe um abracinho, uma beijoca e um sorriso meigo pelo (seu) bem-estar que sempre (me) traz.
parabéns :)
Cualquier celebración es buena para crear, hacer y leer poesía. Si, además, es por un cumpleaños, un aniversario, doblemente mejor.
ResponderExcluirFelicitaciones por la fiesta y por la excelente literatura.
Saludos
Ampliaram a foto! Agora sim! Consigo ver, para além das pernas, que o cão está olhando o relógio tentando ver se já são horas de dormir... cãozinho folgado! Ah! E aquela coisa que eu julgava ser o recipiente com areia, é, afinal a cama dele. É este o problema de quem tem gatos... deturpam as coisas todas...
ResponderExcluira sua festa me fez feliz!
ResponderExcluirmusa!
ResponderExcluirmil besos*
q1ue delícia passear por aqui, e encontrar todo aconchego dos desenhos, das palvras de e para Lelena. Um beijo
ResponderExcluirOs pingos da cumplicidade escorrem, fáceis, por verbos sentidos...
ResponderExcluirBeijo :)